A Eletrobras (ELET3;ELET6) informou nesta quinta-feira (5) que tem avançado nas conversas com representantes do governo “para tentativa de conciliação e solução consensual e amigável entre as partes” sobre temas como a participação da União no conselho da companhia.
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Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destacou que se reuniu na quarta-feira (4) com a equipe da Advocacia-Geral da União (AGU), da Casa Civil da Presidência da República e do Ministério de Minas e Energia para falar sobre o assunto. Um dos pontos tratados foi a manutenção do limite de 10% de direito de voto da União e a definição do número de cadeiras que o governo federal terá no conselho de administração da empresa.
A notícia foi bem recebida pelos investidores, que temiam uma interferência política na companhia, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a criticar o processo de privatização da Eletrobras, classificando-o, inclusive, como um “crime de lesa pátria”. Nesta quinta-feira, os papéis da empresa figuram entre os principais ganhos do Ibovespa: enquanto os preferenciais (ELET6) sobem 4,41%, os ordinários (ELET3) avançam 4,88%.
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Outros temas discutidos na reunião foram:
- Novos termos para o acordo de investimento entre a Eletrobras e a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) no projeto de Angra 3, considerando que a Eletrobras não deseja seguir com a construção do ativo;
- Possível desinvestimento da Eletrobras em suas ações na Eletronuclear, buscando um novo investidor;
- Manutenção das garantias existentes relacionadas a uma dívida de R$ 6 bilhões associada à Angra 3.
Além disso, o pagamento antecipado dos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) foi retirado das negociações. O CDE funciona como um fundo setorial que financia diversas políticas públicas com recursos de subsídios privados, ou cruzados, e subsídios públicos, com uso de recursos do Orçamento Geral da União. O governo queria adiantar os recursos para reduzir aumentos tarifários na conta de luz dos consumidores.
Na avaliação do Goldman Sachs, a Eletrobras estava aumentando, recentemente, a sua posição de caixa por meio de emissões de dívida, possivelmente para ter maior flexibilidade nas negociações. “A antecipação dos pagamentos da CDE implicaria uma saída significativa de caixa, o que aumentaria a alavancagem da Eletrobras e, potencialmente, postergaria, tudo o mais constante, o aumento na distribuição de dividendos da Eletrobras. Assim, o fato de essa questão não estar mais sendo discutida pode ser bem recebido pelo mercado”, destaca o banco em relatório.
Quem também viu a notícia com bons olhos foi o Itaú BBA. Para a casa, o anúncio não apenas indica que as negociações estão avançando com o governo, mas também permite que a empresa pague dividendos maiores em um futuro próximo.
O banco lembra que a empresa reportou um índice de dívida líquida/EBITDA (grau de endividamento) de 1,7x no terceiro trimestre de 2024 e deve gerar fluxo de caixa positivo no próximo ano. “Considerando, por exemplo, o atual valor de mercado da empresa, um dividend yield (rendimento de dividendo) de 10% corresponderia a um pagamento de dividendos de cerca de R$ 8 bilhões, algo viável dentro de sua estrutura financeira”, afirma.
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O prazo atual para que o governo federal e a Eletrobras cheguem a um acordo sobre os temas tratados é 17 de dezembro. No entanto, na visão do Itaú BBA, por já ter sido prorrogado diversas vezes no passado, esse prazo pode ser estendido novamente. “Estamos mais otimistas em relação à possibilidade de um acordo em termos favoráveis para a empresa. Antecipamos uma forte reação positiva do mercado”, reforçou ainda.