Lucro do Mercado Livre desapontou no balanço do 2TRI25, mas Itaú BBA mantém recomendação de compra (Foto: Adobe Stock)
O aumento dos gastos com frete grátis e marketing reduziu a margem de contribuição do Mercado Livre (MELI34) no Brasil no segundo trimestre de 2025, levando a um lucro abaixo do esperado. Mesmo assim, o Itaú BBA mantém recomendação de compra para o papel, apostando que as mudanças devem impulsionar o crescimento do volume bruto de mercadorias (GMV) já a partir do terceiro trimestre.
Para o analista do banco, Rodrigo Gastim, os números do período vieram fracos, com destaque negativo para a operação brasileira, onde a margem de contribuição caiu 8,7 pontos porcentuais em relação a igual período de 2024. “A pressão veio de campanhas agressivas de marketing e do subsídio ao frete grátis que foram aplicados em junho e devem seguir impactando os resultados no curto prazo”, diz.
Apesar disso, Gastim destaca que os primeiros sinais de resposta do consumidor já apareceram. A companhia relatou aceleração nas vendas no Brasil no último mês do trimestre: o número de itens vendidos cresceu 34% em junho, ante uma média de 22% nos meses anteriores. A leitura do analista é de que essa aceleração tende a se refletir em maior expansão do GMV no período de julho a setembro, com potencial para compensar parte da compressão de margens.
“No curto prazo, margens menores devem continuar sendo uma realidade, mas o ponto-chave será observar se o crescimento do GMV consegue compensar esse efeito”, afirma. Para ele, o movimento reforça o posicionamento do Mercado Livre como líder no e-commerce regional e cria alavancas para ganhos de escala e fidelização.
Na frente financeira, ele também destacou o avanço da vertical de crédito, especialmente com os cartões no Brasil. As carteiras com mais de dois anos já operam com retorno líquido positivo, o que levou a empresa a continuar expandindo sua concessão de crédito, mesmo em um cenário de maior cautela por parte dos bancos tradicionais.
No consolidado, o lucro operacional (Ebit) do Mercado Livre somou US$ 825 milhões no trimestre, 6% abaixo da estimativa do Itaú. O lucro líquido foi de US$ 523 milhões, queda de 1,5% na base anual. Mesmo após o resultado mais fraco, o Itaú manteve a recomendação outperform (equivalente à compra) para as ações da companhia, com preço-alvo de US$ 3.133 ao fim de 2025, um potencial de alta de 30,8% em relação ao último fechamento.