O Nubank (ROXO34) ainda tem menos de 1% do mercado de crédito consignado, que é dominado pelos grandes bancos, com mais de 70% de participação nos empréstimos. O banco digital, porém, pode chegar perto dos grandes, estima o Goldman Sachs, que vê a fintech com potencial de ter uma carteira de R$ 65 bilhões em 2027, nível que reduziria, ao menos parcialmente, a distância com os incumbentes, como Itaú (R$ 98 bilhões) e Bradesco (R$ 118 bilhões).
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O Nubank tinha uma carteira de R$ 1,2 bilhão de consignado no segundo trimestre, estima o Goldman. Mas deve acelerar estes números em 2025. O banco digital já firmou uma série de convênios com administrações públicas, chegando a 11 ao todo, incluindo com os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A fintech tem ainda acordos para oferecer o consignado a servidores e ex-servidores vinculados às Forças Armadas e aos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte; e ao estado do Paraná. São 10 milhões de pessoas para oferecer esse tipo de crédito, segundo o Goldman. “Enquanto o Nu ainda está nos estágios iniciais do consignado, já assinou 11 acordos, o que da acesso a até 70% do mercado”, escreve o analista do Goldman, Tito Labarta.
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O mercado total de consignado no Brasil é de R$ 671 bilhões, considerando dados até agosto. O número é equivalente a 32% do crédito ao consumo – é maior que a representatividade dos cartões de crédito (27%) e do empréstimo pessoal (15%). Servidores do INSS respondem por 40% do consignado.
Por ter o desconto direto em folha, a taxa de inadimplência é bem menor, na casa dos 2% nesse tipo de empréstimo, ante média de 5,9% no crédito pessoal. Ao mesmo tempo, essa linha é menos rentável que outras com garantia, como o cartão, em que os bancos conseguem cobrar juros maiores. Com estrutura menor de custos, os bancos digitais conseguem oferecer o consignado a taxas de juros menores, observa o Goldman. No INSS, o juro do Nubank na originação do empréstimos é de 1,52%, seguido pelo Inter, com 1,55%, os dois na ponta de taxas mais baixas. BB e Santander têm taxas de 1,66% e Bradesco de 1,68%, conforme gráfico mostrado no relatório, que considerou o período de 12 a 19 de setembro para calcular a taxa.
Os grandes bancos perderam 10% do mercado de consignado nos últimos 10 anos, mas ainda detêm uma participação de mais de 70%, ressalta o Goldman. O Banco do Brasil é o maior no segmento, com 20% do mercado, seguido pela Caixa, com 15% e Bradesco com 14%.
Na próxima semana, destaca o relatório, este mercado deve dar uma chacoalhada, com o leilão da folha de pagamento de aposentadorias, pensões e demais benefícios do INSS, previsto para a terça-feira (22). Os bancos digitais, porém, não vão poder participar, porque o governo exige ao menos caixas eletrônicos físicos. Ainda entre os eventos que podem mexer no setor, o Goldman cita o projeto do governo de uma sistema para implementação do crédito consignado privado, que tem como objetivo baixar as taxas de juros.
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