(Gabriel Bueno da Costa, Estadão Conteúdo) — Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa de mais de 3%, nesta quinta-feira. A commodity foi pressionada pelo dólar forte e também por riscos à demanda, após dados fracos da indústria global. Além disso, havia expectativa pela reunião na próxima segunda-feira da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), em meio a especulações sobre eventual ajuste nos níveis de oferta das nações do grupo.
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O petróleo WTI para outubro fechou em queda de 3,28% (-US$ 2,94), em US$ 86,61 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro caiu 3,43% (-US$ 3,28), a US$ 92,36 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
No câmbio, o dólar se fortaleceu hoje. Isso torna o petróleo mais caro para os detentores de outras moedas e contém a demanda.
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Além disso, dados da indústria pelo mundo vieram em geral fracos. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) global da indústria caiu a 50,3 em agosto, na mínima em 26 meses, segundo a S&P Global. Nos EUA, o PMI da indústria elaborado pela mesma agência recuou a 51,5 em agosto, mas o do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) se manteve em 52,8. Na China, o PMI industrial elaborado pela Caixin recuou de 50,4 em julho a 49,5 em agosto, em território de contração nessa pesquisa (abaixo de 50). Na zona do euro, o PMI industrial teve baixa a 49,6 em agosto, mínima em 26 meses.
Os dados fracos da indústria reforçam temores sobre a demanda global pelo óleo, em meio a riscos de recessão na economia mundial. Em análise, o Julius Baer comenta que os preços perderam fôlego nos últimos dias. Temores de distúrbios no Iraque se acalmaram e os fundamentos no mercado seguem em geral inalterados, o que para o banco “deve continuar a se traduzir em ventos contrários para os preços”. A demanda por petróleo no Ocidente está “estagnada”, enquanto a produção do petróleo cresce no mundo e o oriundo da Rússia continua a ser vendido. Para o Julius Baer, a cadeia de oferta da commodity parece ter se ajustado bem à nova ordem geopolítica. A China, por sua vez, segue distante de seus recordes de importação, o que segundo o banco é sinal dos desafios econômicos atualmente enfrentados pelo país.
Há ainda expectativa pela reunião da Opep+ na próxima semana. A Capital Economics acredita que no encontro na segunda-feira o grupo deve manter a “abordagem cautelosa” em relação às cotas de produção, em meio a temores de recessão global e de que o acordo nuclear com o Irã seja retomado. Caso o pacto com as potências seja renovado, Teerã poderá exportar mais petróleo. A Oxford Economics, por sua vez, diz que a Opep+ se mostra disposta a apoiar os preços, mas acredita que cortes na oferta devem ser modestos, podendo equivaler a um congelamento nas cotas de produção ou a um pequeno corte, “diante de incertezas na oferta do Iraque e na Líbia e aos atrasos no acordo nuclear iraniano”.