Petróleo futuro despenca quase 8% com ataque do Irã; gás natural também cai 3,5%
Mercado reage com forte queda nos preços do Brent e WTI após ataque iraniano à base americana no Catar ser visto como calculado e sem danos significativos
Petróleo despenca até 8% após ataque do Irã aos EUA não gerar resposta militar
(Foto: Adobe Stock)
Em meio ao alívio nas tensões geopolíticas no Oriente Médio, os contratos futuros do petróleodesabam nesta segunda-feira (23), com quedas que chegaram próximas a 8%, após o ataque iraniano à base norte-americana no Catar não resultar em danos significativos, nem em resposta militar imediata dos Estados Unidos.
Às 15h36 (horário de Brasília), o Brent recuava 6,82%, a US$ 70,34, enquanto o WTI para agosto caía 7,41%, a US$ 68,40. O movimento reflete a correção de preços inflados nos últimos dias pelo chamado “prêmio de guerra”, diante da possibilidade de escalada no conflito entre Irã, Israel e EUA. Como o Irã sinalizou o ataque previamente ao governo do Catar e evitou alvos civis, o mercado interpretou a ação como calculada, reduzindo a percepção de risco sobre a oferta global de energia e pressionando fortemente as cotações do petróleo.
Irã ataca bases dos EUA no Catar
O Irã lançou ataques com mísseis contra a Base Aérea de Al-Udeid, no Catar, nesta segunda-feira (23), em retaliação aos bombardeios dos Estados Unidos contra suas centrais nucleares no final de semana. A base americana, que abriga o Comando Central dos EUA no Oriente Médio, é considerada a mais estratégica da região e conta com cerca de 10 mil militares e civis americanos.
Segundo autoridades iranianas, o ataque foi previamente coordenado com o governo do Catar para minimizar perdas humanas. O governo catariano confirmou que seus sistemas de defesa interceptaram os mísseis e afirmou que se reserva o direito de responder de forma proporcional, conforme o direito internacional.
A Casa Branca e o Departamento de Defesa dos EUA informaram que acompanham a situação de perto. Em resposta, o Catar suspendeu temporariamente o tráfego aéreo em seu espaço, medida também adotada por Emirados Árabes Unidos e Bahrein, temendo escalada no conflito.
Os ataques do Irã ocorrem após Israel bombardear alvos simbólicos no Irã, incluindo a central nuclear de Fordo, um quartel da Guarda Revolucionária e uma prisão de opositores do regime. O confronto entre Irã, EUA e Israel intensifica-se em meio a ameaças de fechamento do Estreito de Ormuz, rota por onde passa 20% do petróleo mundial.
O Irã declarou que continuará se defendendo “por todos os meios necessários” e reafirmou que os países vizinhos não são alvo direto dos ataques. Leia a reportagem completa do Estadão clicando aqui.
Petróleo Brent Futuros: -6,82%, a US$ 70,34
O Brent é a principal referência global para o preço do petróleo negociado internacionalmente, especialmente na Europa, Ásia e Oriente Médio. A forte baixa de quase 7% indica reação do mercado ao alívio nas tensões geopolíticas após o ataque do Irã à base americana no Catar. Como o ataque foi anunciado previamente ao governo catariano e não causou grandes danos ou vítimas, investidores entenderam que houve um esforço para evitar escalada militar e que o risco de interrupção no fornecimento global de petróleo diminuiu.
Petróleo WTI Futuros (Agosto): -7,41%, a US$ 68,40
O WTI (West Texas Intermediate) é a referência para o petróleo produzido e negociado principalmente nos Estados Unidos. O recuo é ainda mais forte que o do Brent, o que pode indicar respostas específicas dos mercados americanos ao conflito — e, especialmente, ao fato de que os ataques iranianos não danificaram a base americana de Al-Udeid, o que reduz o risco de envolvimento militar direto e prolongado dos EUA.
Gás Natural Futuros (Agosto): -3,55%, a US$ 3,810
O gás natural é uma commodity altamente sensível a questões climáticas e geopolíticas, e o contrato de agosto reflete expectativas para o consumo no pico do verão no Hemisfério Norte. A retração de 3,55% às 15h36 (Brasília) reflete uma reação correlata ao petróleo, além da percepção de que não haverá, neste momento, interrupções no fornecimento de energia no Golfo Pérsico — nem via bloqueio do Estreito de Ormuz, nem por retaliações em países exportadores.