PIB brasileiro alcança R$ 3,2 trilhões no 3º trimestre de 2025, segundo o IBGE, refletindo continuidade do ritmo de crescimento da economia. (Foto: Adobe Stock)
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil voltou ao centro do debate econômico nesta quinta-feira (4), com a divulgação dos resultados do 3º trimestre de 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB trimestral alcançou R$ 3,2 trilhões, enquanto o crescimento acumulado em quatro trimestres chegou a 2,7%. “Esse resultado mostra uma continuidade do ritmo de expansão observado ao longo do ano”, destacou o instituto em nota – mas em ritmo visivelmente mais lento. Essa desaceleração, embora suave, importa diretamente para quem investe.
O PIB funciona como um termômetro da atividade econômica: indica quanto o País está produzindo, consumindo, investindo e exportando – indica, portanto, quais setores tendem a ganhar ou perder força nos próximos meses.
O que os números mostram
Pela ótica da oferta, especialistas observam que houve avanço moderado entre os setores produtivos. A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, explica que “a agropecuária cresceu 0,4%, enquanto os serviços, que têm um peso importante no cálculo do PIB, avançaram 0,1%”. Já a indústria registrou desempenho melhor, “sustentada principalmente pela indústria extrativa, teve alta de 0,8%, um dado positivo, mas que não muda a perspectiva de desaceleração do setor em 2025″.
Do lado da demanda, Moreno destaca que o maior impulso veio das exportações, que cresceram 3,3%, mesmo após a imposição de tarifas comerciais pelo governo dos EUA. Já o consumo das famílias quase não se moveu (0,1%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (indicador-chave para investimentos produtivos) avançou 0,9%, mas perdendo ritmo ao longo do ano devido aos juros elevados.
Para contextualizar, o IBGE lembra que o PIB “é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade”. Em 2024, o PIB brasileiro somou R$ 11,8 trilhões, e o dado trimestral é justamente uma atualização desse fluxo. Lembrando que o PIB “não mede riqueza acumulada, e sim o fluxo de novos bens e serviços“.
Por que isso importa para o mercado
O crescimento tímido de 0,1% já vinha sendo antecipado pelos investidores. Mas a leitura agora é mais clara: o Brasil entra em uma fase de atividade moderada, afetada sobretudo pelos juros altos.
Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a política monetária é o principal freio. “A taxa básica de juros elevada, atualmente fixada em 15%, encarece o crédito, desestimula consumo e investimentos e pressiona o custo do financiamento“, explica.
Ele classifica o momento como um “pouso suave”: a economia não desaba, mas também não acelera.
O CEO da Multiplike, Volnei Eyng, reforça que o dado veio abaixo das expectativas. “O desempenho reflete principalmente a desaceleração do setor de serviços“, diz. Na visão dele, o quadro sinaliza maior cautela para 2026, já que a Selic elevada “pesa diretamente sobre o consumo das famílias e os investimentos das empresas”.
Essa tendência também aparece na leitura de André Matos, CEO da MA7 Negócios. Para ele, o avanço de 0,1% “confirma que a economia já opera em ritmo bem mais fraco”. A sustentação da atividade vem de serviços e emprego, mas, “com o juro tão alto por tanto tempo, empresas adiam planos e famílias consomem com mais cautela”. Matos avalia que, sem avanços fiscais e uma sinalização clara de queda da Selic, deve prevalecer “um crescimento moderado, próximo a 1%”.
O que a desaceleração significa para seus investimentos?