A aversão ao risco e a realização de lucros nas bolsas nesta sexta-feira, 20, reduziram um pouco do brilho do aumento de 6,6% no preço do diesel anunciado pela Petrobras (PETR4) – após mais de dois meses estagnado – e que poderia ter um efeito positivo nas ações da empresa, que nesta semana atingiram R$ 525,099 bilhões, o maior preço em 15 anos, na quarta-feira, 18.
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De acordo com analistas ouvidos pelo Broadcast, o vencimento de opções, a aversão forte ao risco, que leva a uma realização de lucros, fez com que os reajustes internos e a alta do petróleo fossem ofuscados. A commodity opera em alta nesta sexta-feira, impulsionado pela percepção de que a guerra entre Israel e Hamas se alastre para outros países do Oriente Médio, grande região produtora de petróleo.
“As bolsas estão realizando por toda parte. É a fórmula perfeita para a queda”, disse o analista da Mirae Asset Pedro Galdi. Às 12h, as ações da Petrobras caíam 1,67%%.
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Na avaliação do economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, o aumento do diesel é positivo, mas já estava precificado e não resistiu às quedas nas bolsas da Ásia, Estados Unidos e Europa. “Há espaço para realização de lucros”, observou.
Desaforo
Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, destaca que os reajustes da estatal anunciados na noite de quinta-feira, 19, foram pontuais. “Houve um foco naquilo que pode machucar mais e está mais sob o escrutínio do mercado, que é o diesel, e na gasolina, que aceita mais ‘desaforo’ pela Petrobras, tem uma menor exposição, menor peso no balanço”, explicou.
Ele ressalta que a produção de diesel da empresa está na faixa dos 720 mil barris diários, enquanto a produção de gasolina gira em torno dos 400 mil barris diários. “Quando você pensa em importação, você depende mais da importação do diesel para fechar a conta do que a gasolina”, informou.
O Brasil importa cerca de 30% de todo o diesel que consome, enquanto a gasolina é praticamente toda produzida no País, importando menos de 10%.
“Na gasolina, o crack spread (diferença de preço petróleo/derivados) está bem baixo e o governo viu que poderia desempenhar o papel social na gasolina, colocando o preço mais perto do preço marginal do que de custo de aquisição do produto, porque precisa de menos importação”, avaliou. “Há também implicações para a parte macro. De fato, a gasolina impacta o IPCA e o diesel não. Os efeitos do diesel são indiretos na inflação, que serão sentidos para frente, talvez fortes, temos que ficar de olho”, completou.
Para ele, o mercado vai ficar de olho nas próximas semanas no Relatório de Produção, previsto para ser divulgado no dia 26, e no balanço financeiro, marcado para 9 de novembro.
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“Muitas emoções estão contratadas para os próximos dias. No dia 9 vamos ter proventos, revisão para cima do guidance. São boas notícias que vão chamar a atenção, e ainda tem atenção para o Plano Estratégico, se vai aumentar ou não Capex”, disse Arbetman, que estima uma alta de 10% no plano quinquenal da petroleira.
Interferência
Já para o analista da Levante Investimentos, Flávio Conde, “no caso da gasolina, qualquer reajuste para baixo é negativo. Ponto. Nesse preço que ela anuncia que ela vai vender, qualquer redução é negativa, como qualquer aumento é positivo, pois estamos falando de receita”, explicou.
“Como o diesel é o combustível mais vendido no País, a receita do diesel para a Petrobras no segundo trimestre foi o dobro do que a gasolina”, avaliou, referindo-se ao balanço que será divulgado em 9 de novembro.
Na avaliação de Luciano Araski, especialista de investimentos pela Apimec e Anbima, a redução do preço da gasolina, mesmo com defasagem (está mais barata no Brasil do que no exterior), mostra que há risco de interferência política na companhia.
“O movimento de reajuste no diesel já era esperado, então o papel vinha esticando bastante e agora realiza lucros. O governo fala que a política de preços de paridade continua, mas essa redução no preço da gasolina mesmo com a defasagem mostra que pode haver interferência na estatal”, observou.