A Santander Corretora considera que o desempenho da Bolsa brasileira em agosto (-5,09%) derivou em “80% a 90%” de fatores externos, sobretudo daqueles relacionados aos Estados Unidos e à China. A avaliação foi compartilhada em uma videoconferência com analistas da corretora nesta terça-feira.
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“É verdade sim que teve um vácuo de notícias positivas no Brasil (depois do corte de juros). É verdade que o Congresso voltou um pouco em velocidade de tartaruga. Mas o grande motivo foi a questão internacional”, afirma Ricardo Peretti, analista de Renda Variável da Santander Corretora, que também apontou para resultados corporativos aquém do esperado no Brasil.
Para Peretti, os investidores passaram o mês passado preocupados com o sobreaquecimento da maior economia do mundo, já de olho, lá na frente, numa possível elevação de juros pelo Federal Reserve (o Fed, o Banco Central dos Estados Unidos). Quanto à China, segunda maior economia do mundo, o maior receio foi com o desaquecimento do setor imobiliário.
Catalisadores
Apesar de um mês de agosto para esquecer na Bolsa brasileira, a Santander Corretora considera que os investidores estão otimistas com a perspectiva dos ativos brasileiros, apesar de não acreditarem que a bolsa saltará de forma repentina. Para chegar a essa conclusão, os analistas compartilharam os resultados de uma pesquisa realizada na 24ª Conferência Anual do Santander, que reuniu cerca de 1.500 investidores no mês passado, em São Paulo.
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De acordo com o levantamento, dois terços dos cerca de 100 sondados na pesquisa pretendem aumentar a alocação em ativos brasileiros nos próximos seis meses (55% moderadamente, 11% significativamente). O outro terço se dividiu entre manter as alocações como estão (cerca de 31%) e em reduzi-las de maneira significativa (menos de 2%).
Na mesma pesquisa, investidores foram questionados sobre os principais catalisadores para ditarem mudanças de comportamento no segundo semestre. O mais relacionado, de longe, foi o início do ciclo de relaxamento monetário no Brasil (mencionado por 68% dos respondentes). Em segundo lugar, vieram os rumos da política monetária nos Estados Unidos (36%) e, depois, a probabilidade de uma recessão global (30%) – era possível dar mais de uma resposta.
Carteiras
Na carteira Santander Valor para o mês de setembro, com as cinco principais recomendações a 20% de alocação para cada ação, a corretora substituiu Banco do Brasil ON por BTG Pactual Units, em preparação para os efeitos dos juros mais baixos. Seguiram na carteira os papéis ordinários de Multiplan, Petrobras, Rumo e Vivara.
Na carteira Ibovespa+, que agrega mais recomendações, a corretora manteve a alocação de agosto, com os mesmos pesos, com as ordinárias de Banco do Brasil, Cyrela, Equatorial Energia, Localiza, Multiplan, Petrobras, Rumo, Totvs, Vale e Vivara, além do preferencial de Itaú. Vale e Petrobras seguem dividindo o status de maior alocação dessa carteira, com 12% cada.