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- O IPCA de março ficou em 1,62% (de 1,01% em fevereiro), superando o teto das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, que era de 1,44%.
- Ainda que seja um dado "retrovisor", o IPCA de março acima do esperado incomoda os mercados hoje, dado o contexto mundial de pressão sobre alta de juros
- Apesar da expectativa de arrefecimento inflacionário no segundo semestre, o avanço do IPCA em março acima do previsto não torna o quadro menos preocupante
Após queda moderada na abertura, o Ibovespa acentuou a desvalorização, perdendo a marca dos 118 mil pontos, em meio à queda no começo do pregão em Nova York, diante de pressões por juros mais altos nos EUA. Internamente, ações ligadas ao ciclo econômico doméstico ocupam o grupo das oito maiores quedas do Ibovespa, na esteira da aceleração do IPCA em março para uma taxa superior à esperada pelo mercado.
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Neste contexto, o Ibovespa cai a 118 mil pontos e eleva as perdas semanais para cerca de 3% até o momento. Ao mesmo tempo, o dólar tem alta moderada, enquanto os juros futuros reagem de forma proeminente à inflação salgada no Brasil.
O IPCA de março ficou em 1,62% (de 1,01% em fevereiro), superando o teto das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, que era de 1,44%. É a taxa mais elevada desde janeiro de 2003 (2,25%). No acumulado do ano, ficou em 3,20%. O resultado acumulado em 12 meses foi de 11,30%, também acima do teto das estimativas, que era de 11,11%.
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“A alta do IPCA reflete diretamente as commodities encarecimento, que por sua vez é reflexo do conflito entre Rússia e Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro. Tanto que o grupo Transportes foi o que mais puxou a alta do indicador”, avalia Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3.
No entanto, Israel pondera que a queda do Ibovespa também está relacionada a uma realização de lucros. “É natural que aconteça. Tivemos algumas semanas com compradores tomando posições e vendedores mais tímidos. Essa realização é natural, e quer um motivo, que é o IPCA”, completa o especialista da Blue3.
“A inflação pegou, e com reflexo direto no varejo ações. Claramente, o mercado está reconsiderando mais altas de juros, além da esperada em maio”, afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Ainda que seja um dado “retrovisor”, o IPCA de março acima do esperado incomoda os mercados hoje, dado o contexto mundial de pressão sobre alta de juros, observa Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.
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“Isso tende a gerar mais pressão sobre o Banco Central no momento em que já vemos comunicados mais duros do Fed, com o juro podendo ir para 3,5% nos EUA. Há ainda lockdowns na China por covid”, afirma Brito.
Apesar da expectativa de arrefecimento inflacionário no segundo semestre, o avanço do IPCA em março acima do previsto não torna o quadro menos preocupante, avalia Eduardo Cubas, sócio da Manchester Investimentos. “Continuamos acreditando que essa inflação comece a desacelerar a partir de maio. Porém, este IPCA não torna a situação confortável. E ainda temos a pauta sobre desaceleração do crescimento econômico, que tende a tornar a tarefa do Banco Central na condução dos juros mais complexa”, diz Cubas.
Chama a atenção a alta em torno de 3,5% das ações da Eletrobras. Segundo Laatus, a elevação pode estar refletindo os debates no governo sobre privatização da empresa recentemente, embora duvide que o processo avançará em ano eleitoral. Na Bolsa, o índice setorial de consumo perdia 2,14% e o imobiliário, 2,52%, em meio à percepção de juro maior no Brasil. Em Nova York, o Dow Jones testava alta de 0,07%.
Às 11h19, o Ibovespa caía 0,71%, aos 118.016,27 pontos, após mínima diária aos 117.486,61 pontos (-1,16%). Via ON lidera a corrente das maiores perdas, com 7,42%, seguida de Lojas Americanas, com recuo de 6,59%, e Magazine Luiza, que cedia 6,25%. Já Vale On perdia 1,40%, na esteira do recuo do minério de ferro, em meio a temores de aumento das medidas restritivas em partes da China por conta do aumento no número de casos de coronavírus que elevem o processo de desaquecimento econômico.
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