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Mesmo com tombo da Americanas (AMER3), trio 3G vê fortuna subir em R$ 35 bilhões

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira estão entre os homens mais ricos do Brasil

Mesmo com tombo da Americanas (AMER3), trio 3G vê fortuna subir em R$ 35 bilhões
Jorge Paulo Lemann, da 3G Capital, é a terceira pessoa mais rica do Brasil, segundo a Forbes. Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

As ações da Americanas (AMER3) amargam perdas de 92,30% nos últimos 12 meses. Quem parece viver uma realidade diferente são os acionistas de referência da empresa, o trio da 3G CapitalJorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. De acordo com a última lista de bilionários brasileiros da Revista Forbes, publicada nesta semana, a fortuna do clã subiu R$ 35,38 bilhões em cerca de um ano.

No ranking, Lemann manteve o terceiro lugar entre os brasileiros mais ricos, mesma posição que ocupou na edição de 2023 da listagem. Ele é acionista controlador da gigante cervejeira AB Inbev, além de deter participações em conglomerados internacionais como Restaurant Brands International (Burger King e Tim Hortons). Sua fortuna atualmente está estimada em R$ 91,81 bilhões – R$ 16,91 bilhões acima do montante projetado no ano passado, de R$ 74,9 bilhões.

Outro que manteve a mesma colocação da edição de 2023 foi Telles, que está na quarta posição na lista atual de bilionários brasileiros da Forbes, com um patrimônio de R$ 60,82 bilhões – R$ 10,42 bilhões acima dos R$ 50,4 bilhões contabilizados há um ano. Sócio de Lemann e de Sicupira na 3G Capital e em outros empreendimentos, ele tem se envolvido cada vez menos no dia a dia dos négocios. Em dezembro de 2023, iniciou sua sucessão patrimonial, transferindo sua participação na AB Inbev, avaliada em US$ 6 bilhões, para o filho Max Van Hoegaerden Herrmann Telles.

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Sicupira, quinta pessoa mais rica do Brasil, tem fortuna estimada em R$ 49,35 bilhões pela Forbes, R$ 8,05 bilhões acima do montante observado na listagem do ano anterior, que era de R$ 41,3 bilhões. Sócio da 3G Capital, o empresário acompanhou de perto a crise da Americanas, cujo conselho de administração já presidiu. Após o escândalo contábil da varejista, a participação do executivo na AB Inbev foi responsável por manter seu patrimônio em altos patamares.

Em fevereiro deste ano, a 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro homologou o plano de recuperação judicial da Americanas. Pelo acordo com os credores, os sócios da 3G Capital se comprometeram a aportar um total de R$ 12 bilhões na empresa.

Ações da Americanas vivem um agosto turbulento

No começo deste mês, a empresa divulgou os números dos aguardados balanços do exercício de 2023 e do 1º semestre de 2024, que foram repetidamente adiados. No acumulado do ano passado, a varejista registrou prejuízo de R$ 2,2 bilhões, 82,8% melhor do que o observado no mesmo período de 2022. Já nos seis primeiros meses deste ano, o resultado negativo foi de R$ 1,4 bilhão, 56% menor do que no mesmo intervalo de 2023.

Apesar de melhores no comparativo, os dados ainda revelam uma conjuntura de preocupação para a Americanas. Conforme explicamos nesta reportagem, os números mais altos vieram em um contexto favorável para o setor de varejo, quando o Brasil passava pelo fim do ciclo de alta da Selic e por uma melhora no endividamento das famílias. Agora, as perspectivas já mudaram, sendo esperada uma nova alta dos juros pelo Banco Central.

Além dos balanços ainda preocuparem o mercado, a falta de “horizonte” – já que a empresa decidiu retirar os “guidances” (projeções financeiras) para os próximos meses – desperta um nível extra de insegurança. Sem as estimativas, o mercado segue cauteloso com a companhia e deve acompanhar de perto o desenrolar da recuperação judicial da Americanas.

Em 15 de agosto – o primeiro pregão após a divulgação dos resultados –, as ações da varejista chegaram a derreter 57%, terminando o dia a R$ 0,14, quase o preço de uma bala de iogurte.

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Buscando aumentar o valor de negociação dos papéis, a empresa passou por um grupamento de ações na segunda-feira (26). O processo, aprovado em assembleia geral extraordinária realizada em 21 de maio de 2024, ocorreu na proporção de 100 para 1 – ou seja, 100 ações se transformaram em uma única ação, enquanto o valor nominal dos papéis foi aumentado na proporção inversa.

Com o grupamento, após fecharem o pregão de segunda-feira na mínima histórica de R$ 0,05, os ativos abriram a sessão de terça-feira (27) cotados a R$ 5,40. Já no fechamento, os papéis da empresa subiram 40%, sendo negociados a R$ 7.

Nesta quarta-feira (28), o movimento de valorização se estendeu: as ações da Americanas terminaram o dia em alta de 1,43% a R$ 7,10.