Os retornos dos Treasuries subiram, nesta terça-feira. Eles foram apoiados mais cedo pelos anúncios do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), que ajustou o controle da curva de juros (YCC, na sigla em inglês), mas investidores também ponderavam sobre os riscos de recessão global, com o aperto monetário de vários bancos centrais para conter a inflação.
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No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,261%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,689% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,740%.
O BoJ manteve a política monetária, como esperado, mas surpreendeu com mudanças na sua estratégia de controle da curva de juros. No comunicado, o BC japonês disse que a banda de variação do juro do bônus japonês (JGB) de 10 anos passará de -0,25% a 0,25% a de -0,50% a 0,50%. Além disso, afirmou que aumentará “de modo significativo” o volume de suas compras de JGB.
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O anúncio do BoJ elevou os juros dos principais títulos globais pelo mundo, na Europa e também nos EUA. Em linha com outras análises vistas hoje, o Morgan Stanley acredita que o BoJ não deve fazer mais ajustes em sua política bastante acomodatícia até o fim de 2023. O banco lembra que o presidente do BC, Haruhiko Kuroda, enfatizou que a mudança de hoje não era um meio de aperto monetário, mas sim um modo de melhorar o funcionamento do mercado de JGB. Apenas se a inflação no Japão seguir elevada ou os BCs globais mantiverem postura hawkish, o Morgan diz que uma “modesta normalização da política monetária” do BoJ poderia ocorrer em meados do ano que vem.
O Goldman Sachs, por sua vez, analisa em relatório o quadro em 2022 e algumas possibilidades para o próximo ano. Ele lembra que houve surpresas para cima na inflação no ano atual, mas diz que a política fiscal e monetária conseguiram com sucesso um “aperto”, contendo o crescimento e começando a reequilibrar oferta e demanda. Nesse contexto, o Goldman acredita que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevará os juros “mais algumas vezes” em 2023, para um pico na faixa de 5,00% a 5,25%, a fim de manter o ajuste em andamento.
A Capital Economics, ao avaliar o passo de hoje do BoJ e a reação nos mercados de bônus, disse que o caso ilustra riscos para os mercados internacionais representados pelo grande investimento japonês no exterior. Ao mesmo tempo, a consultoria considera que não há risco de uma crise no mercado de JGB, que deve inclusive “receber algum apoio dos mercados de bônus estrangeiros no próximo ano”.