O UBS BB rebaixou nesta segunda-feira (9) a recomendação da Raízen (RAIZ4) de compra para neutra, e cortou o preço-alvo da ação de R$ 3,90 para R$ 2,30, o que representa um potencial de valorização de 16% sobre o fechamento da última sexta-feira (6). Segundo o banco de investimento, a companhia está indo na direção certa, mas o caminho é estreito e levará tempo.
“Estamos rebaixando a recomendação da Raízen para neutra, pois esperamos que a reestruturação positiva que a empresa está realizando demore mais para se traduzir em retorno aos acionistas”, escrevem os analistas Matheus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Modanese. Eles ponderam que, após anos de expansão que trouxeram complexidade e um salto na alavancagem, com ventos contrários vindos de juros mais altos e desafios no setor sucroalcooleiro, a Raízen entra em um novo ciclo, focado em ganhar eficiência e reduzir o custo da dívida.
“Isso levará eventualmente à redução do endividamento, mas acreditamos que os investidores podem esperar, já que esperamos que essa tendência acelere apenas em 2-3 anos, e há riscos – daí nossa mudança para neutra”, argumenta o trio em relatório.
O banco projeta que a empresa continuará consumindo caixa em 2025/26, e possivelmente também em 2026/27, antes de começar a reduzir a dívida nos anos seguintes. No entanto, o potencial de geração de caixa no médio prazo, segundo as estimativas da equipe, depende de premissas como a queda dos juros abaixo de 12% até o final de 2026 e o preço do petróleo se mantendo entre US$ 62-70 por barril. “Reconhecemos que podemos ser surpreendidos nos dois extremos – enquanto ganhos de eficiência em opex e capex podem representar um potencial de alta”, acrescentam.
Por fim, o UBS BB também atualizou seu modelo com base nos lucros recentes e no cenário macroeconômico. “Nosso preço-alvo foi reduzido em 42% devido à fraca geração de caixa nos últimos resultados (-R$1,50/ação), ajuste da dívida para incluir iniciativas específicas de capital de giro (R$1,10/ação) e resultados mais fracos esperados para açúcar e etanol, com menor moagem e preços (-R$0,5/ação)”, diz o banco.
A equipe ressalta que o novo preço-alvo é baseado na soma das partes sobre os múltiplos e considera o valor da empresa sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 7 vezes para distribuição de combustível no Brasil; 5 vezes para Argentina; 4,5 vezes para açúcar e etanol; 10 vezes para a parte corporativa; e o valor presente líquido de créditos tributários.