Itaú BBA avalia que a recompra de debêntures pela Vale por R$ 42 faz sentido financeiro, mas pode reduzir a liquidez dos títulos e limitar o pagamento de dividendos extraordinários no curto prazo. Foto: Fabio Motta/Estadão
O anúncio da Vale (VALE3) de recompra das debêntures participativas em circulação por R$ 42 por título faz sentido do ponto de vista financeiro, na avaliação do Itaú BBA. No entanto, há pontos negativos ligados à liquidez desses instrumentos de dívida. Nas contas do analista Daniel Sasson, a medida equivaleria a um desembolso máximo de US$ 3,1 bilhões, caso todos os debenturistas aceitem participar da oferta.
“Na nossa visão, é possível que a empresa já tenha alguma sensibilidade sobre a quantidade de investidores que provavelmente aceitariam vender os títulos no preço proposto”, escreveu o analista, em comentário enviado a investidores.
O banco calcula que a debênture tem um custo implícito de 10% em termos reais, bastante acima do custo médio de dívida da Vale, que hoje está na casa de 5,5%.
Do lado negativo, a adesão à oferta por parte de alguns detentores dos títulos vai reduzir a liquidez do instrumento. “Isso é negativo para os investidores que decidirem não aderir à oferta”, diz Sasson.
Além disso, ele afirma que, como as debêntures participativas não são consideradas no cálculo da dívida líquida expandida da Vale (VALE3), qualquer desembolso para a recompra das debêntures diminuiria o espaço para o pagamento de dividendos extraordinários no curto prazo.