O mercado de minério de ferro deverá estar mais apertado na Ásia neste ano, sem novidades do ponto de vista da oferta, exceto pelos acréscimos da Vale (VALE3), disse hoje Marcello Spinelli, vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da mineradora. “O aumento principal vem de nós”, disse, em teleconferência para comentar os resultados do quarto trimestre e do ano passado.
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A Vale projeta aumentar em até 50 milhões de toneladas a sua produção a partir de 2026, graças aos projetos em andamento nas minas de Vargem Grande, Capanema e S11D. A China permanece como maior mercado da mineradora brasileira, mas a companhia vem buscando avançar em outros países.
Para este ano, espera crescimento nas vendas superior a cinco pontos porcentuais em outros mercados, de acordo com Spinelli. “Parte disso vem dos países desenvolvidos [crescimento no Japão e na Europa] e também Índia e sudeste da Ásia. “Estamos crescendo [as vendas] de 5 a 10 pontos porcentuais fora da China.”
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Na apresentação dos resultados, os executivos da Vale deram ênfase à transação com a Anglo American, com a compra de 15% de participação no Minas-Rio. A operação, anunciada ontem, vai dar à Vale acesso a 3,8 milhões de toneladas de pellet feed de alta qualidade por ano, no curto prazo. O produto tem concentração superior a 65%.
A operação prevê a opção de adquirir uma participação adicional de 15% no empreendimento. No ano passado, o Ebitda do Minas-Rio alcançou US$ 1,4 bilhão, de acordo com a Vale. O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, classificou a operação como um M&A inteligente.
“Reformulamos a Vale. Vendemos dez negócios não relacionados ao negócio-chave. Chegamos a plataformas únicas que por si mesmas podem ser suficientes para manter nosso crescimento. Mas quando vê uma oportunidade como essa, é o que a gente chama de M&A inteligente”, destacou.
Em relação aos dividendos referentes ao segundo semestre, Bartolomeo disse que ainda é cedo para indicar o que acontecerá, mas destacou que está confiante no desempenho operacional e ainda tem parte dos valores recebidos na unidade de Metais Básicos, observando ainda que a dívida líquida expandida está entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões. “Estamos concentrados em remunerar o acionista da melhor forma possível”, frisou.
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Os executivos destacaram ainda que o Ebitda proforma (exclui Brumadinho) de US$ 6,73 bilhões, avanço de US$ 1,7 bilhão maior na comparação anual, sustentado pelos preços mais altos do minério de ferro – e consequentes preços realizados de finos mais altos – e despesas menores em virtude de iniciativas do programa de eficiência e ausência de efeitos fiscais não recorrentes.
Compensação por desastres
A Vale fez uma provisão de US$ 1,2 bilhão para as compensações relacionadas a Mariana, onde uma barragem da Samarco, joint venture entre Vale e BHP, que se rompeu em 2015. Gustavo Pimenta, vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, disse que a provisão tem a ver com a melhor estimativa.
Ainda segundo ele, a empresa está trabalhando “arduamente” com as outras partes para chegar a uma conclusão no caso. “Tem algum progresso recentemente”, disse, acrescentando que espera que uma resolução seja alcançada já no primeiro semestre deste ano.