- O Ibovespa encerrou esta quarta-feira (31), último pregão de maio, aos 108.335,07 pontos, com uma valorização mensal de 3,74%
- Trata-se de uma virada no humor do mercado
- Fatores que já estavam no radar, como inflação e o lado fiscal, agora parecem estar conseguindo atenuar o sentimento de aversão a risco que predominou no início do ano
O Ibovespa encerrou o último pregão de maio com uma valorização mensal de 3,74%, aos 108.335,07 pontos. Com desempenho positivo pelo segundo mês consecutivo, o índice de referência da Bolsa brasileira conseguiu reduzir as perdas acumuladas ao longo de 2023 para 1,28%.
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A virada no humor do mercado é fruto de uma série de fatores que já estavam no radar, mas agora parecem estar conseguindo atenuar o sentimento de aversão a risco que predominou no início do ano.
Os dados da economia melhoraram. Indicadores recentes como o IBC-Br, do Banco Central, e a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, apontam uma atividade econômica resiliente. A inflação, por sua vez, segue em trajetória de queda: o IPCA-15 registrou uma alta de 0,51% em maio, abaixo do projetado pelo mercado.
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A nova regra fiscal que irá substituir o Teto de Gastos, protagonista de boa parte das incertezas do mercado com o novo governo Lula, foi aprovada no Congresso com folga. Como mostramos nesta reportagem, a Câmara alterou alguns pontos do texto e ajudou a tornar o arcabouço mais rígido em relação ao gasto público, na avaliação de analistas.
Ainda que não seja a regra considerada ideal pelo mercado, ao menos, já é um avanço, destaca José Cataldo, estrategista de análise da Ágora Investimentos. “Isso reduz o risco uma vez que pelo menos foi dada uma sinalização”, diz.
Com a inflação em trajetória de queda e o fiscal já mais concreto, a curva de juros futura cedeu ao longo de maio. Sinal de que o primeiro corte na taxa Selic, estacionada em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, pode estar próximo.
Esse entendimento ajudou a impulsionar uma recuperação no Ibovespa, com destaque especial para ativos de setores ligados à economia doméstica, como educação, construção civil e tecnologia. A Yduqs (YDUQ3), por exemplo, teve um salto de 70%, disparada na ponta positiva do Ibovespa.
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“A alta generalizada é parte de um movimento maior. Melhora no cenário fiscal, que bate nos juros e, consequentemente, sobe a Bolsa”, explica Phil Soares, chefe de análise da Órama. “É a concretização de um cenário que já vinha sendo traçado.”
A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023, com boa parte dos números sendo publicados em maio, também surpreendeu positivamente, ajudando a arrancar altas ali e aqui. Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, pontua que boa parte dos papéis que mais subiram na Bolsa no mês, além de sensíveis a juros, são de nomes com bons balanços no 1º tri. “As empresas que subiram muito entregaram resultados muito bons. Yduqs é uma, mas não foi só ela”, destaca.