O que está acontecendo com a Americanas (AMER3)?

Conheça histórico, marcas e acionistas da varejista

O mercado financeiro foi tomado de surpresa com a renúncia do recém empossado CEO das Americanas (AMER3) Sergio Rial, após a descoberta de inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões. No primeiro pregão após o anúncio, as ações da varejista desabaram, levando consigo outros ativos do setor.

Para se ter uma ideia do tamanho deste rombo, a dívida equivale a aproximadamente o valor de mercado de dois dos maiores varejistas do Brasil, Magazine Luiza (R$ 20,4 bilhões) e Lojas Renner (R$ 20,6 bilhões).

A Lojas Americanas foi fundada no Rio de Janeiro pelos norte-americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger, com o apoio do brasileiro Aquino Sales e do austríaco Max Landesmann, como uma loja de produtos variados em 1929, a preços populares. Naquela época, o conceito era inovador, já que muitos estabelecimentos eram especializados. Outra novidade: muitas de suas vendedoras eram mulheres, que tinham melhor conexão com as donas de casa.

Das lojas físicas para o digital

Entre as principais marcas do grupo estão as Americanas, os sites de e-commerce e marketplace Submarino e Shoptime, a fintech Ame e a rede de lojas pequenas Americanas Express, somando 3.500 unidades físicas e vendas totais no valor de R$ 55,3 bilhões.

As Americanas abriram seu capital em 1940 na Bolsa de Valores. Em 2021, com a combinação de negócios das Lojas Americanas (LME3, LAME4) pela B2W Digital (BTOW3, originalmente uma fusão da Americanas.com e do Submarino), as ações passaram a ter o ticker (código de identificação na Bolsa) atual AMER3.

As ações das Americanas são exclusivamente ordinárias, sendo 31,13% detidas pelos acionistas de referência (em números de 21 de dezembro de 2022).

O triunvirato: Lemann, Sicupira e Telles

Três dos homens mais ricos do Brasil estão por trás das Americanas. Mais conhecidos por negócios bilionários como a fusão Brahma-Antarctica (que resultou na Ambev e posteriormente na AB Inbev), Heinz e Burger King, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira assumiram o controle das Americanas na década de 1980.

No final de 2021 o trio abriu mão do controle das Americanas, mas mantiveram uma fatia considerável de suas ações. Em comunicado datado de 11 de janeiro de 2023, as Americanas informaram que “os acionistas de referência da Americanas, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, informaram ao Conselho de Administração que pretendem continuar suportando a Companhia”.

O resto da estrutura acionária é um tanto complexa, mas segunda a Economatica entre os maiores acionistas estão Fundo S-Velame (15,20% das ações), BRC (11,60%), Capital International Group (5,40%), Nuveen (5,10%), BlackRock (5%) e Carlos Alberto Sicupira (2%).

A conexão com a IRB Brasil

As graves dúvidas sobre os balanços das Americanas trouxeram à tona reminiscências com relação ao caso da resseguradora IRB Brasil (IRBR3). Em comum, as duas tiveram balanços auditados pela PwC, que citou que “as demonstrações contábeis [da varejista] apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira”.

Quem é a PwC?

O que fazer com as ações das Americanas?

Ainda é muito cedo para checar todos os fatos e detalhes sobre este caso e a CVM já abriu dois processos investigativos. Por enquanto a recomendação geral dos analistas é cautela e ficar longe de movimentos especulativos. Confira na matéria.

Ações das Americanas