Por que Mercadante no BNDES desagrada ao mercado
Mudança na lei das estatais também não é vista com bons olhos
Mudança na lei das estatais também não é vista com bons olhos
Atual coordenador de grupos técnicos da transição, o economista formado na Universidade de São Paulo (USP) liderou três ministérios durante os mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (2011 a 2016): Ciência, Tecnologia e Inovação, Educação e Casa Civil.
“Ele é tido como um economista heterodoxo, o que não é bem visto pelo mercado, considerando a percepção de que isso pode envolver retomada de políticas de caráter desenvolvimentista”, afirma Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
A indicação de Mercadante ao BNDES preocupa o mercado financeiro pela perspectiva de um retorno às políticas da gestão de Dilma. Na época, a instituição foi instrumental para ceder crédito com juros abaixo do mercado, por meio do forte endividamento do governo.
Outro sinal negativo é o relaxamento da lei que tenta blindar estatais como Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR3, PETR4) de ingerência política. Sancionada sob o governo de Michel Temer, o Congresso quer flexibilizar a lei para que Lula possa encaixar indicações políticas em cargos-chave.
Hoje a lei também impõe uma quarentena de 36 meses a pessoas que tenham participado de campanhas eleitorais ou da gestão de partidos políticos. Para emplacar correligionários e aliados, a emenda agora propõe um afastamento de apenas 30 dias. Ou seja, perfeito para Mercadante.
Tanto o nome de Mercadante como a flexibilização da lei das estatais reacendem velhos fantasmas de más práticas petistas no governo. Um exemplo? Antes mesmo de Lula assumir, a Câmara já aprovou a ampliação do aumento de gastos com publicidade pelas estatais.