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Ibovespa cai para a mínima do ano após falas de Lula, ‘fritura’ de Haddad e juros nos EUA

A principal referência da B3 até chegou a subir pela manhã, mas perdeu fôlego ao longo do pregão

Ibovespa cai para a mínima do ano após falas de Lula, ‘fritura’ de Haddad e juros nos EUA
A B3 é a empresa que opera a Bolsa de Valores no Brasil (Foto: Adobe Stock)

Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (12), diante da cautela provocada por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por um possível processo de “fritura” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A principal referência da B3 até chegou a subir pela manhã, mas perdeu fôlego ao longo do pregão e encerrou em baixa de 1,40%, aos 119.936,02 pontos, uma perda de 1.699,04 pontos, no menor patamar desde 10 de novembro de 2023. Já o dólar encerrou o dia com outra forte alta, cotado a R$ 5,40.

Investidores também acompanharam a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). A autoridade optou por manter a taxa de juros americana na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, em decisão unânime que veio em linha com as expectativas do mercado. “A leitura é de que o comitê segue comprometido com o combate à inflação e que precisa ver mais evolução nos dados para substanciar uma mudança em sua política monetária”, explica William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Em seu discurso, o presidente do Fed, Jerome Powell, explicou que a autoridade monetária não descarta a possibilidade de ter que voltar a subir juros, mas explicou que esse não é o cenário-base dos dirigentes do órgão. Após as falas de Powell, os índices americanos perderam um pouco da força que vinham tendo mais cedo e encerraram mistas. O Dow Jones caiu 0,09%, enquanto S&P 500 e Nasdaq tiveram ganhos de 0,85% e 1,53%, respectivamente.

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No cenário doméstico, investidores acompanharam o discurso de Lula na abertura do Fórum de Investimentos Prioridade 2024, promovido pelo Instituto da Iniciativa de Investimentos Futuros (FII Institute), no Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, o presidente destacou que o governo está “colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, mas que “não consegue discutir economia sem colocar a questão social na ordem do dia”.

Outra preocupação dos investidores no dia envolveu um possível isolamento de Haddad, após o Senado Federal devolver na noite de terça-feira (11) a Medida Provisória (MP) que restringia a compensação de créditos do PIS/Cofins em contrapartida à perda de arrecadação com a desoneração da folha de pagamentos. A medida poderia aumentar a receita federal em R$ 29,2 bilhões.

“A devolução acaba representando uma derrota para Haddad”, afirma Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital. “E basicamente isso acaba levando a uma desconfiança dos investidores de maneira geral em relação ao conflito de gastos. Eu acho que não é muito o que o investidor e nem o mercado estão querendo ver agora”, complementa.

Com as preocupações em torno da possível “fritura” de Haddad, o dólar voltou a disparar na sessão e encerrou o dia em alta de 0,86%, sendo negociado a R$ 5,407. Mais cedo, a moeda americana atingiu máxima a R$ 5,43. Trata-se do maior valor em 18 meses, quando a divisa estava cotada a R$ 5,47, em 4 de janeiro de 2023. Nesta reportagem, analistas explicam o que está por trás da forte valorização do dólar e recomendam opções para quem deseja lucrar com a alta da moeda.

Na Bolsa brasileira, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) ficaram entre os maiores destaques negativos da sessão e apagaram parte dos ganhos observados na véspera, quando subiram 7,99% e registraram a principal alta do Ibovespa, apoiados pelo alívio nos juros futuros. Quem também sofreu foram os papéis da Cogna (COGN3). “Os ativos repercutiram a notícia de que o Ministério da Educação suspendeu a criação de novos cursos de graduação a distância”, explica Iarussi, da The Hill Capital.

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Do lado oposto, as ações da Embraer (EMBR3) figuraram entre as maiores altas do dia, beneficiadas pela valorização do dólar, já que a alta da moeda americana traz uma pressão positiva para companhias exportadoras.