- O dividend yield é uma forma de mensurar se uma ação é boa pagadora de dividendos.
- Investidores de longo prazo precisam dar atenção especial ao indicador, já que o cálculo costuma ser feito em ciclos anuais.
- Ainda que o dividend yield seja essencial para uma boa análise fundamentalista, é preciso ficar de olho em outras variáveis.
Tornar-se sócio de uma companhia e ser remunerado periodicamente é a meta de boa parte dos investidores.
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Isso é possível, entre outras coisas, graças aos dividendos: uma parcela do lucro da empresa que é distribuída aos acionistas. Mas, para tomar a melhor decisão, é fundamental ficar de olho no dividend yield (DY).
O DY é importante para todos os investidores, mas é fundamental para quem tem estratégias de longo prazo.
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Então, confira o que é e como funciona um dos indicadores mais importantes da análise de investimentos.
O que é dividend yield?
O dividend yield é um indicador que determina quanto uma ação paga de dividendos, comparando o preço pago ao acionista em relação à cotação do ativo financeiro.
O recebimento pode ocorrer de diversos modos: mensal, trimestral, semestral ou anual.
Graziela Fortunato, coordenadora do Master in Business Administration (MBA) em Finanças Corporativas da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), explica que o DY é basicamente uma taxa de retorno.
O cálculo é feito de modo simples: dividem-se os dividendos pagos em cada ação individual pela cotação logo antes da distribuição.
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“Se uma empresa paga R$ 0,50 de dividendo por uma ação que custou R$ 10, o dividend yield é de 5%”, exemplifica Fortunato.
O que considerar ao escolher ações por dividend yield?
1. Entenda a importância do dividend yield
Para Ricardo Matte, CEO da Vincit Capital, o DY é importante na definição da estratégia de investimento e crucial para uma boa análise fundamentalista. Existem vários indicadores a serem analisados, mas o retorno propiciado pelos dividendos é um dos pontos mais importantes.
Focar esse tipo de rendimento é bom também considerando a alta da taxa básica de juros, a Selic. É fundamental que as ações remunerem o investidor com bons dividendos, do contrário, ativos como Tesouro Direto, ficam mais atrativos.
Além disso, uma empresa que é boa pagadora de dividendos nos últimos anos tende a ter gestão sólida e boa saúde financeira. Assim, mais que o retorno financeiro, o DY pode ser um termômetro de confiança.
2. Conheça as ações que pagam bons dividendos
Acertar quais são as ações que mais pagam dividendos não é como ganhar na loteria. De acordo com Amanda Coura, head de Produtos Estruturados da Suno Asset, um bom DY é resultado de uma estratégia madura. Mas como encontrar as boas pagadoras da parcela de lucro?
Matte dá uma pista: os setores de energia, telecomunicações e saneamento costumam remunerar bem.
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Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (Taesa), Companhia Energética de Minas Gerais S.A. (Cemig), Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) são bons exemplos disso.
Mas um bom caminho é consultar o índice dividendos (IDIV) da B3. Nele, a bolsa brasileira reúne as empresas que mais pagam dividendos em uma série histórica.
A carteira hipotética dá peso proporcional ao pagamento das ações e permite mensurar como cada ativo se localiza.
3. Saiba os prós e os contras de priorizar dividendos
Existem boas razões para tornar os dividendos centrais na estratégia de investimento, mas essa aposta também tem limitações. Fortunato recorda que há um custo de oportunidade alto em ter que permanecer com ações por longos períodos.
“Para receber os dividendos regularmente, o investidor não pode vender as ações e pode deixar de fazer negócios com o valor empregado”, observou.
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Isso é especialmente importante porque os ciclos costumam ser anuais, mesmo nos casos em que o dividendo é pago mais frequentemente.
4. Entenda que o dividend yield é apenas parte da análise
O DY não é o único indicador nem deve ser analisado de modo isolado. Embora os dividendos sejam uma variável importante e o cálculo permita entender com facilidade se uma empresa remunera bem, compreender a dinâmica do mercado é complexo, mas muito necessário.
Coura acrescenta que, ao haver interesse em investir em uma companhia, é importante pesquisar a estratégia, os custos, o desempenho do time de gestão, a expectativa de valorização e uma série de outros parâmetros, inclusive de ordem mais macro.
Um bom exemplo disso é o recente conflito entre Rússia e Ucrânia, que afetou a distribuição de petróleo em todo o mundo. Mesmo que a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) seja uma boa pagadora de dividendos, a decisão de investir ou não na companhia precisa considerar o cenário geopolítico.
5. Aprimore sua conduta como investidor
Investir passa por tomar decisões baseadas em aspectos racionais e análises de fundamentos, mas, independentemente do perfil do investidor, os aspectos emocionais também estão presentes.
É preciso colocar em campo alguns elementos que devem orientar sua conduta, e assim tornar o DY um bom instrumento.
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Para Matte, é preciso ficar de olho em alguns aspectos:
- Definir uma boa estratégia;
- Fazer aportes contínuos;
- Estudar muito o mercado;
- Ter resiliência para tomar decisões adequadas.