- O DY ou ‘rendimento dos dividendos’ é o percentual pago em proventos nos últimos 12 meses em relação ao preço da ação
- O racional por trás da comparação com a Selic é de que as ações deveriam remunerar em dividendos pelo menos os juros oferecidos nos investimentos conservadores
- Na lista, os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras são os grandes destaques
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve subir a Selic nesta quarta-feira (15) de 12,75% para 13,25%, segundo o consenso de mercado divulgado no último Boletim Focus. Com o ajuste, a taxa deve chegar ao maior nível desde novembro de 2016 – e ainda não se tem total certeza de que as altas pararão por aí.
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Esse avanço dos juros tornou mais difícil para as companhias da Bolsa pagarem dividend yields (DY) acima da taxa Selic. O DY ou ‘rendimento dos dividendos’ é o percentual pago em proventos nos últimos 12 meses em relação ao preço da ação.
O racional por trás da comparação com a Selic é de que as ações deveriam remunerar em dividendos pelo menos a rentabilidade oferecida na renda fixa.
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De acordo com levantamento feito por Einar Rivero, da TC/Economatica, há pelo menos sete empresas que pagaram dividendos acima de 13,25% nos últimos 12 meses. A pesquisa considerou as empresas do IBRX100, índice com as 100 principais ações da Bolsa de Valores brasileira.
Na lista, os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras são os grandes destaques, com DYs de 40,06% e 39,36% nos últimos 12 meses, respectivamente. A Copel (CPLE6) e CPFL Energia (CPFE3) ocupam o terceiro e quarto no lugar entre as maiores pagadoras de dividendos, com percentuais de 18,56% e 18,27%.
O frigorífico Marfrig (MRFG3), a Gerdau Metalúrgica (GOUA4), Braskem (BRKM5) e Bradespar (BRAP4) completam o ranking.
Apesar dos altos dividendos pagos, é necessário ter cautela e analisar empresa por empresa antes de investir. É que as companhias são ligadas a commodities, o que significa que passam por ciclos de alta e de baixa, conforme os preços dos insumos variam no mercado internacional.
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“As empresas que estão nesta lista são de setores que exportam commodities, que são altamente cíclicos, sazonais”, afirma Louise Barsi, sócia do AGF. “As empresas ligadas a commodities sofreram um grande período de inverno e agora voltaram a dar margens altíssimas com esse aumento dos preços das commodities”, completa.
Barsi também chama atenção para o DY, que é uma taxa real (com desconto da inflação), enquanto a Selic é uma taxa nominal (sem desconto da inflação). É importante ressaltar também que dividendos passados não são garantia de dividendos futuros. Dentro desta cesta de ativos, PETR4 e BRKM5 são recomendações de compra da Ágora Investimentos.
“Reconhecemos que a Petrobras é um nome potencialmente mais volátil, à medida que nos aproximamos das eleições em 2022”, afirma o time de research da Ágora Investimentos, em relatório. “Ainda assim, entendemos que a atual relação risco versus retorno continua apontando para uma oportunidade de Compra, respaldada ainda no curto prazo pela expressiva alta nos preços do petróleo.”
Já a Braskem teria dividend yield esperado para 2023 de 10%, segundo a Ágora. “As ações protegem da potencial fraqueza do Real (BRL) no período que antecede as eleições do Brasil”, diz a corretora.
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