O que este conteúdo fez por você?
- Cenário de fortes quedas nas bolsas e ciclo de alta de juros é considerado como oportunidade para dolarizar a carteira
- A alocação internacional é muito importante para que o investidor enfrente os diferentes ciclos econômicos e políticos
- O melhor a se fazer consiste em realizar aplicações em fases, e não dolarizar todo patrimônio de uma só vez
A inflação força o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), a promover um aperto monetário com aumento da taxa de juros que, consequentemente, provoca estrago na bolsa de valores. Tal cenário de fortes quedas dos ativos de risco e ciclo de alta de juros, no entanto, é considerado por especialistas como oportunidade para o investidor brasileiro dolarizar a carteira, seja com alocações na renda fixa seja com aportes na bolsa.
Leia também
A alocação internacional é muito importante para que o investidor enfrente os diferentes ciclos econômicos e políticos, avalia o sócio e general manager Brasil da Avenue, Carlos Ambrósio. “Hoje o mercado está democratizado. Todos conseguem acessar o mercado internacional”, disse, sobre a facilidade de investir nos EUA, durante o painel “Juros em alta nos EUA e bolsas do mundo em queda: é hora de dolarizar a carteira?”, realizado pela Nord Research e patrocinado pela Avenue, neste sábado (25).
O diretor da BlackRock Brasil, Cristiano Castro, afirmou que o Brasil tem 1% das opções de investimentos do mundo, ao passo que os investidores brasileiros alocam 99% do seu dinheiro em ativos domésticos. “Quando falamos em diversificação, pensamos em renda fixa ou bolsa, mas 99% dos investimentos de vocês estão investidos em apenas 1% dos ativos do mundo”, avaliou. Ele recomenda que, para quem está começando a investir, o ideal é alocar de 10% a 30% do portfólio em ativos dolarizados.
Publicidade
Além de Ambrósio e Castro, o debate também contou com a presença de Pedro Andrade, sócio e gestor da IP Capital Partners, e foi mediado por Renato Breia, sócio responsável pela Nord Wealth.
Hora de investir
O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) da economia norte-americana em maio subiu 1% na comparação com abril. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 8,6% – o pior resultado no país desde 1981. O Fed, então, elevou a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,75%, para o intervalo entre 1,50% e 1,75%, a maior alta registrada no país desde 1994.
Os impactos são sentidos nas bolsas de valores. Em 2022, o S&P 500 cede 18,45%, Dow Jones cai 13,90% e Nasdaq perde 26,69%. Diante da queda, a bolsa norte-americana se tornou uma grande oportunidade no momento, avalia Andrade, da IP Capital Partners. “A hora de investir é agora. Tirar agora para investir em renda fixa pode ser uma péssima ideia visando o longo prazo”, disse.
Entre os ativos que se destacam, Andrade indica as ações do Google. “É difícil pensar em um negócio melhor do que o Google neste momento. É muito mais resiliente do que a média, todo mundo conhece e está com um preço interessante”, afirmou.
Onde e quanto aplicar?
Segundo Renato Breia, sócio responsável pela Nord Wealth, o investidor brasileiro deve observar tanto ativos de renda fixa quanto os da renda variável. “Não estamos falando de market time, mas de uma estratégia de alocação a longo prazo. Com ETFs (fundos de investimentos negociados em bolsa que replicam o desempenho de um índice de referência) de renda fixa – de títulos de empresas norte-americanas, por exemplo – e ETFs que replicam ações”, afirmou. Ele cita que, no exterior, há a famosa estratégia “60×40”, de 60% em renda variável e 40% em renda fixa.
No entanto, o principal conselho do especialista diz respeito a não dolarizar todo patrimônio de uma só vez. “Primeira coisa é: se nunca investiu, compre aos poucos. A forma mais certa de que você vai se arrepender ao investir lá fora é alocar tudo de uma vez. Você pode acertar, mas, na teoria, está errado. O melhor a se fazer consiste em realizar aplicações em fases”, disse Breia.
Publicidade
O executivo explica que, no caso de investimentos no exterior a maioria também sente a volatilidade do câmbio. “É difícil acertar quando comprar dólar. É uma análise muito difícil de fazer e a chance de errar é grande”, afirma Andrade.