Publicidade

Mercado

Bolsa brasileira entra em “bear market”: entenda como investir

Ibovespa já acumula uma baixa de 20% desde a máxima atingida em abril

Bolsa brasileira entra em “bear market”: entenda como investir
O 'bear market' é caracterizado por baixas generalizadas nos ativos. Foto: Envato Elements
O que este conteúdo fez por você?
  • O ‘bear market’ (Mercado Urso, em português) é o termo utilizado no mercado financeiro para definir um período de intenso pessimismo e desvalorização nas bolsas de valores
  • A alta de juros nos EUA e expectativas de recessão são principais combustíveis para esse ciclo de mercado em baixa
  • O fim desse período de preços deprimidos deve vir junto aos cortes nas taxas de juros. Investidor deve ter cautela e investir segundo perfil de risco e objetivos

Um grande urso atacou a Nasdaq e o S&P 500 nas últimas semanas e agora se aproxima para vitimar o Ibovespa. O “bear market” (mercado urso, em português) é o termo utilizado no mercado financeiro para definir um período de intenso pessimismo e desvalorização nas bolsas de valores.

Popularmente, o ponto que marca o início de um bear market ocorre quando um índice acumula uma desvalorização de mais 20% em relação ao topo histórico. Em 7 de junho de 2021, o Ibov finalizou o pregão em 130.776,27 mil pontos, maior patamar já registrado para um fechamento.

Desde essa data até a última quinta-feira (23), o indicador caiu 25%, atingindo os 98.080,34 mil pontos. Em comparação à máxima alcançada em 2022, de 121.570,15 mil pontos no dia 1 de abril, a desvalorização do Ibovespa foi de 19,3%. Por esses cálculos, o mercado brasileiro está tecnicamente entre as garras do urso.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

“O mercado precisa ficar um tempo nessa faixa de 20% abaixo do pico histórico para caracterizar um bear market. Não adianta permanecer alguns dias e depois subir”, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

O mesmo panorama é visto nas bolsas americanas. A Nasdaq cai 29% no ano, enquanto o S&P 500 cede 20%. Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research, explica que o aumento de juros no mundo é o principal fator que alimenta o bear market.

Na semana passada, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, subiu a taxa de juros dos Estados Unidos em 75 pontos percentuais, para a faixa de 1,50% e 1,75% ao ano. Esta foi a maior elevação desde 1994, na esteira do avanço da inflação no país. Em 12 meses, o CPI (índice de inflação americano) acumulou uma alta de 8,6%, a maior desde 1979.

O Fed também sinalizou uma possibilidade de recessão nos EUA por conta do aperto monetário. No Brasil, o cenário é um pouco diferente: o Banco Central começou a subir juros já no ano passado, portanto, estamos na ‘frente’ em relação a esse ciclo contracionista. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano e deve sofrer pelo menos mais um aumento em 2022.

Publicidade

Ainda assim, o estresse provocado pelas expectativas de juros mais altos economia norte-americana é sentido na bolsa brasileira e nas bolsas globais.

“À medida que tem um cenário de aumento de taxas de juros nos EUA para conter a inflação, isso acaba afetando todos os mercados”, explica Breia. “No início do ano, a bolsa brasileira subiu forte com as commodities, mas agora já devolve tudo porque temos um cenário não só de aumento de taxa de juros, mas de possível recessão.”

Essa também é a opinião de Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed. “O mundo está em um bear market. É um problema muito mais macro global, do que brasileiro”, diz.

É importante lembrar também dos efeitos de uma subida de juros no comportamento dos investidores e na rentabilidade da renda fixa. “O medo da recessão e a aversão a risco no mercado local contribuem naturalmente para uma migração da Bolsa de Valores para a renda fixa, já que o trade off entre a fixa e a renda variável hoje está perdendo para as taxas de juros atrativas”, afirma Idean Alves, chefe da mesa de operações e sócio da Ação Investimentos, escritório credenciado da XP Investimentos.

Quase tudo está barato, mas cuidado

Enxergar o fim do período de bear market é uma tarefa difícil. Na visão de Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, essa conjuntura negativa deve perdurar enquanto os juros permanecerem em níveis altos. Para ele, alguns sinais de melhora devem começar a aparecer no 4° trimestre deste ano, após as eleições.

Publicidade

“O mercado deve digerir a agenda econômica do novo governo e se, e quanto, o Copom conseguirá cortar a taxa Selic em 2023”, afirma Borsoi. “Acho que o cenário está com menos previsibilidade do que o normal, porque tem vários choques afetando a economia neste momento, como guerra na Ucrânia, política de Covid zero na China e, principalmente, a duração da política monetária apertada nos países desenvolvidos.”

Já Gala, do Banco Master, vê um prazo mais longo para esse inverno no mercado financeiro. “O que tiraria de fato a bolsa de um bear market é um corte nas taxas de juros. O problema é que isso não vai acontecer nos próximos meses, porque tanto o Banco Central brasileiro quanto o Fed estão sinalizando que os juros vão subir mais”, diz. “No caso do BC, haverá mais uma alta que deve ser mantida por pelo seis meses. Portanto, o corte deve acontecer somente lá para o 2° semestre do ano que vem.”

O segundo fator para o qual o investidor precisa estar de olho são os dados de aceleração da atividade econômica no Brasil e EUA – que ainda não estão fortes, segundo o economista-chefe do Banco Master.

Nesse cenário conturbado, o investidor deve ter cautela e não confundir uma retomada consistente com ‘ralis de mercado em baixa’, quando a Bolsa sobe por um curto período de tempo e volta a cair para o mesmo patamar em que estava antes. A perspectiva também deve ser de longo prazo, já que ainda não há sinalizações de melhora nas bolsas.

Publicidade

Tendo em vista que a pressão nos preços pode ser longa, o indicado é investir um dinheiro que não fará falta nos próximos meses. “Tem que ser um capital que você não vai precisar usar, porque se o investidor precisar vender os papéis daqui um ou dois meses, poderá perder muito dinheiro”, diz Gala. “Quase tudo está muito barato na Bolsa brasileira, a única coisa que vejo que estão mais caras são as empresas de commodities, que também já caíram bastante.”

Breia, da Nord Research, alerta que o investidor não deve mudar o perfil de risco em momentos de variação de preço. Ou seja, não migrar todo o capital para a renda fixa só porque a Bolsa está caindo e os juros subindo, assim como não é indicado entrar na renda variável só porque os juros estão baixos.
Seguir a estratégia inicial, de acordo com a tolerância a risco e objetivos de curto, médio e longo prazo, é  fundamental para não perder dinheiro em meio à volatilidade. Breia também vê a Bolsa brasileira em um nível de valuation baixo.

“A bolsa está em um dos menores valuations que já vimos nos últimos 10 ou 15 anos, mas se esse é o momento de comprar, vai depender muito do perfil do investidor”, diz Breia. “Se o investidor é moderado ou arrojado e, por conta das quedas das ações, a exposição dele à renda variável diminuiu muito, pode ser o momento de complementar as alocações.”

Para quem nunca investiu em Bolsa, essa também pode ser uma boa época para começar. “Os preços estão muito deprimidos e existem, sim, boas oportunidades”, afirma o sócio da Nord. “E apesar das oportunidades, não menosprezamos que no Brasil temos oportunidades boas em prefixados e indexados à inflação, que estão pagando excelentes rendimentos.”

Publicidade

Já Borsoi acredita que não é o momento de tomar risco em Bolsa, especialmente considerando que os juros da renda fixa estão bastante elevados. O Tesouro Prefixado para 2025, por exemplo, estava pagando 12,36% ao ano até o fechamento da última quinta. O Tesouro IPCA mais curto, para 2026, garante também juros reais de 5,48%.

Fora o mais conservador Tesouro Selic, que paga a variação dos juros e está rendendo 1% ao mês. Mesmo assim, Borsoi também entende que o investidor deve se guiar pelo perfil de risco para decidir se deve comprar ou não.

“No caso de um investidor de longo prazo, caso haja uma baixa exposição, o investidor pode destinar uma pequena parte do patrimônio, pois, de uma perspectiva de diversificação, nunca é ideal estar sem posição em Bolsa. Uma vez decidido o tamanho da posição, sugiro ao investidor fazer alocações parciais ao longo do tempo”, recomenda Borsoi.

Por último, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos destaca positivamente o setor elétrico e empresas de commodities, como Vale (VALE3), e monopolistas, como B3 (B3SA3).

Publicidade

“Obviamente, acertar o que vai dar certo é mais difícil do que evitar o que vai dar errado. Portanto, uma recomendação mais razoável neste momento seria evitar empresas e setor imobiliário e de tecnologia, que ainda devem sofrer com os juros elevados, e as varejistas que ainda devem ter meses opacos devido à queda no poder de compra das famílias”, diz Borsoi.

Web Stories

Ver tudo
<
Peru, chester ou tender: descubra qual a opção mais barata para o Natal
Top 5 carnes mais baratas para o churrasco de Ano Novo
IPVA 2025: onde consultar o valor do meu carro?
Esqueça o ferro: 5 maneiras simples de desamassar as roupas sem aumentar a conta de luz
7 receitas que custam até R$ 10 por porção para fazer neste Natal
6 hábitos que fazem você gastar mais gasolina em seu carro e moto
Estas são as melhores carnes para fazer no Natal gastando pouco
IPVA 2025 vai aumentar?
Este hábito parece simples, mas pode estar levando o consumo da sua geladeira às alturas
IPVA 2025: carros menos poluentes são isentos do imposto; confira lista
Comida mais cara: 6 dicas para economizar na feira e no supermercado
O que fazer para receber a restituição do IR antes?
>