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‘Bancões’ alertam sobre inflação na América Latina; Brasil é exceção?

O Brasil parece ser a exceção, onde a maioria concorda que a queda nas taxas de juros é justificável

‘Bancões’ alertam sobre inflação na América Latina; Brasil é exceção?
(Foto: Envato Elements)
  • O Bank of America (BofA) disse que as taxas na região talvez continuem altas por mais tempo do que os mercados esperam, e vale a pena manter posições
  • As taxas de swap nas principais economias em desenvolvimento estão em tendência de queda desde o final de julho

Aline Oyamada, da Bloomberg – Conforme muitos investidores mudam suas estratégias para lucrar com a queda nas taxas de juros na América Latina, alguns dos maiores bancos alertam que é cedo demais para declarar vitória sobre a inflação.

O Bank of America (BofA) disse que as taxas na região talvez continuem altas por mais tempo do que os mercados esperam, e vale a pena manter posições que se beneficiem de um aumento nas taxas de juros em países como México e Chile. O Goldman Sachs disse que os investidores devem ser seletivos ao adicionar recebedores – posições que lucram com uma queda nas taxas -, pois a alta dos preços ainda não atingiu um pico.

As apostas de que as taxas de juros devem cair surgiram depois de dados mais agradáveis do que o esperado sobre a inflação nos Estados Unidos alimentarem as esperanças de uma política menos agressiva do Federal Reserve. A América Latina tem sido o destino mais popular para tais apostas, já que os bancos centrais da região estavam entre os primeiros a começar a elevar as taxas de juros e podem ser os primeiros a considerar reduzi-las, com o Brasil sendo o melhor exemplo.

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“Embora acreditemos que o início da curva esteja mais ou menos alinhado com nossas perspectivas a respeito da trajetória da política monetária, continuamos a pensar que o mercado está estipulando o preço de reduções demais e muito rapidamente”, escreveram os analistas do BofA, Claudio Irigoyen e Christian Gonzalez Rojas, em nota. “Portanto, nossa perspectiva é que o risco-benefício da diminuição gradual das oscilações dovish no mercado é interessante.”

As taxas de swap nas principais economias em desenvolvimento estão em tendência de queda desde o final de julho, quando os temores de uma recessão global cresceram. É o inverso da mentalidade predominante no primeiro semestre do ano, que se concentrou nos aumentos de taxas devido à inflação descontrolada.

Algumas das maiores quedas nas taxas de swap foram vistas na América Latina, onde o ciclo de aperto monetário está em um estágio mais avançado em muitos países. A taxa de swap DI do Brasil até janeiro de 2025 caiu mais de 180 pontos base depois de atingir um pico no final do mês passado.

No Chile, a taxa Camara de dois anos caiu 70 pontos base em relação à alta de meados de julho, enquanto a taxa IBR de mesmo vencimento da Colômbia caiu cerca de 120 pontos base no mesmo período. No México, a taxa TIIE de dois anos caiu 65 pontos base no mês passado. Na semana passada, as taxas subiram em todos os setores, acompanhando um salto nos rendimentos do Tesouro dos Estados Unidos.

Entretanto, a inflação nesses países permanece em máximas plurianuais, bem acima da meta do banco central, e começou a cair apenas no Brasil.

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Para o BofA, as mudanças recentes oferecem uma oportunidade para o pagamento de taxas de juros no México, que tem poucas chances de restringir seu spread de juros para os EUA tão cedo, e no Chile, onde a inflação continua a acelerar. Na Colômbia, o banco recomenda apostar em uma curva mais plana, já que os mercados antecipam reduções.

Outros, inclusive o Barclays e o BBVA, também fizeram alertas contrários às apostas precipitadas em taxas de juros menores no México.

“A inflação precisa atingir um pico para que haja uma alta mais constante e ampla nas taxas de juros locais dos mercados emergentes”, escreveram os analistas do Goldman, entre eles Kevin Daly e Tadas Gedminas, em nota. “Embora esperemos que a inflação na América Latina, na Europa Central e Oriental, no Oriente Médio e na África atinja um pico nos próximos meses como consequência dos efeitos básicos nos preços da energia e dos alimentos, é possível, no entanto, que ela permaneça mais alta por mais tempo do que parecia provável anteriormente.”

O Brasil parece ser a exceção, onde a maioria concorda que a queda nas taxas de juros é justificável dada a orientação recente do Banco Central. Depois de aumentar as taxas em 11,75 pontos percentuais desde o início de 2021, os formuladores de políticas sinalizaram que o ciclo pode ter acabado e os traders têm diminuído as apostas para uma última alta em setembro.

“Países como Brasil e México, principalmente o primeiro, parecem estar mais adiantados no ciclo de aumento das taxas de juros do que os mercados emergentes como um todo”, disse Todd Schubert, chefe de pesquisa de renda fixa do Bank of Singapore. “Apostaria em um movimento de longa duração e a favor dos recebedores de swap no Brasil.”

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Marcus Wong e Elizabeth Stanton da Bloomberg contribuíram para esta matéria.

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