- Os preços subiram 4,77% em 2022
- A inflação deve fechar o ano próxima a 6,8%
- Combustíveis são vilão da inflação
No ponto de ônibus, na fila do banco ou no almoço de domingo: a inflação virou assunto entre todos os brasileiros. Enquanto os preços sobem, o poder de compra desce, sobretudo quando se trata de alguns itens básicos, como alimentos.
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Mas qual é o percentual do setor neste ano? Quais itens mais subiram? A tendência é de alta ou de queda nos próximos meses? Saiba mais sobre a inflação dos alimentos e veja qual é o cenário provável.
Como está a inflação geral no Brasil?
Expectativa do Banco Central é que o IPCA finalize o ano entre 6,5% e 7%. (Fonte: Getty Images/Reprodução)Na média, os preços subiram cerca de 4,7% em 2022, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido mês a mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Já é maior que os 3,5% prometidos pelo Conselho Monetário Nacional para o ano, mas tende a fechar o ano ainda em um dígito, diferente de 2021.
Hudson Bessa, professor da Faculdade FIPECAFI, em São Paulo, comenta que há uma margem de erro de 1,5% que é considerada aceitável. Ou seja, uma inflação de 5% estaria dentro da meta oficial.
Mas, segundo o relatório Focus, do Banco Central, de 19 de agosto deste ano, a expectativa é que ela feche 2022 próximo a 6,8%.
Embora escape da curva desenhada pelo governo federal, esse fantasma não assusta – e tudo indica que ele vá ficar mais camarada. No início do semestre, a economia continua acenando para uma recuperação, ainda que tímida, com o desemprego caindo para 9,1%.
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Os índices estão longe do ideal, mas apontam para um reequilíbrio gradual — algo que também ocorre em outros países da América Latina.
No caso brasileiro, os combustíveis continuam sendo protagonistas da inflação. O professor comenta que, como no Brasil o transporte logístico é feito quase exclusivamente por caminhões, o diesel tem muita influência na inflação.
Após o anúncio de baixa dos preços no diesel, a inflação de julho foi negativa: os preços gerais caíram 0,68%. A queda ocorreu mesmo com os alimentos puxando a corda no sentido contrário; juntas, alimentação e bebidas subiram 1,3% no mês.
Inflação dos alimentos no Brasil
Esse “estica e puxa” é resultado de um arranjo complexo. Em maio, por exemplo, o Planalto já havia zerado o imposto de importação de carnes, farinha de trigo e biscoitos. A medida veio em resposta ao abril mais inflacionado dos últimos 25 anos (1,06% no mês), que fez o IPCA chegar a 12,13% no acumulado dos 12 meses.
A medida é bem-vinda, mas os resultados são parciais: a inflação desacelerou mais por conta de outros fatores do que por um sucesso na política setorial dos alimentos.
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Apenas no somatório dos sete primeiros meses deste ano, a conta do mercado já subiu 9,83%. Ou seja, mais que o dobro da inflação geral. De acordo com Bessa, o nicho tem os seus vilões. “Só em 2022, o leite longa vida subiu 77,8%, o queijo, 16,2% e o biscoito, 16%”, comenta.
Para o pesquisador, o aumento do preço dos alimentos ocorre por conta de alguns fatores: o País está na entressafra, as pastagens passam por um problema de seca e os insumos agrícolas tiveram altas importantes.
Neste último caso, a dinâmica cambial e a demanda global por commodities pesam na balança, agravando o problema da inflação.
Qual é a tendência do preço dos alimentos: subir, descer ou se estabilizar?
Mas o que o consumidor quer saber é: na prática, como os preços vão se comportar daqui para frente? E qual o termômetro que se pode ter para acompanhá-los?
Bessa explica que, para acompanhar o aumento dos preços ao consumidor, o mais adequado é utilizar o IPCA.
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Há outros modos de monitorar os custos do mercado, como o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getulio Vargas (FGV), útil inclusive para verificar a oscilação da cesta básica, mas eles são menos diretos.
É certo que os alimentos continuarão caros, mesmo porque a proposta de salário mínimo enviada em 31 de agosto pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Federal, de R$ 1.302, não acompanha o aumento dos preços no setor. Mas a flutuação do próximo período não deve ter a mesma escalada dos meses anteriores.
“Em relação ao preço dos alimentos, assim como dos preços no geral, fatores como crise energética, preços do petróleo e estabilidade do dólar devem reduzir as pressões sobre a inflação”, diz Bassa.
O professor lembra que as cadeias de produção global vem se ajustando lentamente. Além disso, a taxa de juros nos Estados Unidos e na Zona do Euro também tendem a se estabilizar, diminuindo sobressaltos na economia internacional, que afetam a prateleira dos supermercados por aqui.
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“Para 2023, a meta está fixada em 3,25% também com intervalo de 1,5%. Já a Focus trabalha com um horizonte de 5,33%. Tudo indica que a inflação vai superar o teto da meta no próximo ano, mas que em 2024 pode ficar dentro dos trilhos”, finaliza.