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Petrobras e BB vão continuar a pagar bons dividendos em 2023?

Em 2022, os retornos de dividendos das estatais foram os maiores em um período de 10 anos

Petrobras e BB vão continuar a pagar bons dividendos em 2023?
Logo da Petrobras na sede da empresa no Rio de Janeiro 16/10/2019 REUTERS/Sergio Moraes
  • As recentes melhorias na gestão das duas empresas contribuíram para a distribuição de dividendos elevados
  • Para analistas, a continuidade da compensação financeira ao investidor no mesmo patamar pode ser vítima do risco político que afeta os papéis
  • Em relação ao Banco do Brasil, a situação parece estar mais confortável. De acordo com a Genial, há algumas medidas que ajudam a blindar a companhia

As ações do Banco do Brasil (BBAS3) e da Petrobras (PETR3/PETR4) ganharam destaque no mercado pelo volume robusto no pagamento de dividendos ao longo deste ano. Segundo levantamento do TradeMap enviado ao E-Investidor, a distribuição de proventos das duas companhias é a maior em um intervalo de 10 anos, como é possível entender nesta reportagem.

No entanto, para analistas, a continuidade da compensação financeira ao investidor no mesmo patamar pode ser vítima do risco político que afeta os papéis.

De janeiro de 2022 até a última terça-feira (27), o Banco do Brasil (BBSA3) entregou um dividend yield (retorno de dividendos) de 10,5%. O porcentual representa quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano passado.

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Já as ações da Petrobras pagaram ao investidor um volume ainda mais expressivo. Os papéis da PETR3 registraram um dividend yield de 43,6% durante o mesmo período, enquanto as ações preferenciais (PETR4) devolveram ao investidor 47,1% em dividendos.

Os ganhos chamam a atenção de quem busca companhias pagadoras de dividendos. Para Gustavo Pazos, analista de Research da Warren, a tendência é que as duas empresas continuem com o mesmo volume de dividendos diante das melhorias operacionais ocorridos desde 2016, quando as companhias passaram a ter mais autonomia.

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Porém, ele afirma que a performance pode ser prejudicada com o resultado das eleições. “O risco político tem que ser considerado e por isso as ações negociam com um desconto em relação a outros pares do mercado”, analisa Pazos.

O principal risco político, segundo analistas ouvidos pelo E-Investidor, está relacionado a uma gestão presidencial que possa interferir nas atividades das empresas ao ponto de reduzir o volume de dividendos.

“Podemos voltar com políticas mais intervencionistas e retornar com os fatores que causam má gestão do Banco do Brasil e da Petrobras em maior ou em menor grau. Quando muda o controlador (o presidente), pode mudar a gestão da empresa”, avalia João Abdouni, analista da Inv.

Apesar de as projeções apontarem que as duas companhias podem manter o mesmo patamar de resultados, os recursos em uma gestão pública mais intervencionista podem ser utilizados para outras finalidades que não sejam a distribuição de dividendos. “O governo pode usar esse capital, no caso da Petrobras, para construir uma refinaria, por exemplo. A nova gestão pode reduzir o percentual de distribuição de dividendos”, acrescenta Abdouni.

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A Genial Investimentos elencou outros fatores que também podem afetar o desempenho operacional da Petrobras, como a variação preço do petróleo e a não-conclusão do desinvestimento das suas refinarias. Tais possibilidades não podem fugir do radar do investidor.

“A Petrobras, devido à sua natureza estatal, não necessariamente tem o objetivo de incrementar seus resultados. O case é e sempre será exposto às opiniões do público e seu plano de negócios depende da vontade do presidente da ocasião”, avalia a corretora em relatório publicado no dia 20 deste mês.

Banco do Brasil (BBSA3)

Em relação ao Banco do Brasil, a situação parece estar mais confortável. De acordo com a Genial, há algumas medidas que ajudam a blindar a companhia de futuras interferências governamentais na próxima gestão. Um deles é o planejamento estratégico de longo prazo (5 anos) da instituição financeira, que deve ser seguido independente da nova presidência do banco. A determinação ajuda a evitar mudanças drásticas na condução da empresa.

A composição do Conselho de Administração de 50% de membros independentes, sendo dois deles minoritários, também evita interferências que possam afetar os resultados da companhia. “A questão de minoritários é de importância para blindagem do banco, visto que esses tendem a não tomar medidas que possam afetar o próprio retorno”, explicou a corretora, em outro relatório sobre o banco divulgado na sexta-feira (23).

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