- O primeiro grande desafio do presidente será pacificar o País
- Há sinais de interesse do investidor estrangeiro pelo Brasil, o que pode ajudar o fluxo de médio prazo
- "Bombas" fiscais criadas na corrida eleitoral precisarão ser desarmadas
No final do mês passado, o Brasil elegeu Lula (PT) como o presidente que irá assumir o País a partir de 2023. Ele assumirá o comando de um Brasil totalmente dividido por uma campanha eleitoral agressiva, acusatória e recheada de fake news de ambos os lados.
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O resultado foi apertado e milhões de pessoas que votaram em Jair Bolsonaro (PL) estarão insatisfeitas com a conclusão deste processo. Por isso, o primeiro grande desafio do presidente eleito será pacificar o País.
Como cidadãos, temos um dever fiduciário de continuar lutando pelo que achamos certo ou errado para o País, porém de forma pacífica, educada e dentro do curso legal.
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Executivo, Legislativo e Judiciário, como representantes da sociedade, precisam trabalhar juntos e dentro da constituição, com o intuito de conduzir o País para um caminho de prosperidade. A sociedade tem o direito e o dever de auditar o trabalho dos três poderes.
Esperamos que o País possa caminhar de forma serena, que os três poderes tenham a responsabilidade constitucional que lhes convém e que a voz da sociedade seja ouvida, quando necessário.
Com as eleições ainda frescas em nossa cabeça, e muitas dúvidas e incertezas no ar, seguem algumas breves reflexões que temos feito nos últimos dias:
Visão geral
- Não esperamos radicalismo de Lula no começo do governo
- Lula tentará montar um governo de coalização
- Pelo histórico dos governos passados do PT, esperamos uma administração mais ineficiente
- O ajuste fiscal será mais longo e pode não acontecer
- Com os desafios fiscais, as taxas de juros de equilíbrio devem ser mais elevadas
- O cenário externo é mais hostil hoje do que quando Lula assumiu a presidência em 2002
- O preço do minério de ferro está em queda, a China cresce menos e com inúmeras incertezas de crescimento global
- O petróleo ainda em patamar alto, mas com muita volatilidade
- A economia deve crescer menos em 2023
- Há “bombas” fiscais criadas na corrida eleitoral que precisarão ser desarmadas pelo governo Lula
- Lula enfrentará uma enorme dificuldade em equacionar a agenda social com a agenda econômica/fiscal
- Um nome de mercado comandando a Fazenda pode comprar tempo e a paciência do mercado para que o plano econômico seja anunciado
Juros
- A curva curta e intermediária já colocam um cenário de queda de juros não desprezível nos preços
- Acreditamos que as incertezas são grandes para o mercado embarcar definitivamente em um cenário consistente de queda da Selic
- A curva longa ficará mais sensível aos sinais fiscais e ao ambiente externo
- Há prêmio de risco, mas os riscos aumentaram
- Neste momento, preferimos juros reais a juros nominais
- Preferimos a parte intermediária da curva, do que a parte curta ou longa
Câmbio
- A taxa de câmbio parece barata por valuation
- Os juros elevados devem ajudar a dar alguma ancoragem ao câmbio
- Neste final de ano, há uma sazonalidade de fluxo negativo
- Há sinais de interesse do investidor estrangeiro pelo Brasil, o que pode ajudar o fluxo de médio prazo
Bolsa
- Será um mercado mais micro, de seleção de ações e de setores, do que um cenário de “comprar bolsa passivamente”.
- As estatais, mesmo baratas, podem virar “value traps”
- O plano econômico, que deve ser voltado mais para o consumo e o mercado imobiliário, pode favorecer setores específicos, em detrimento de a outros
- Bancos podem ser os escolhidos para aumento de impostos, como CSLL
- Preferimos Small Caps ao Ibovespa neste ambiente
- Estrangeiros desalocados podem, no curto prazo, trazer algum fluxo positivo e trazer sustentação a Bolsa.
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