- Na prática, os investidores institucionais e qualificados (quem possui mais de R$ 1 milhão investido) deixam o mercado no fim do ano, já que é o período é marcado pelas férias dos profissionais
- Sem esses participantes, a pressão compradora se torna muito maior do que a pressão vendedora, tendo em vista que grande parte dos investidores individuais não operam vendido
- Já Felipe Pontes, diretor operacional da Economatica, afirmou que há um “efeito manada”, ou seja, muita gente espera que o rally aconteça e se posiciona para aproveitá-lo
Tradicionalmente, no final do ano, existe um evento sazonal que impacta a bolsa de valores tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Esse fenômeno é chamado de ‘rali de Natal’ ou ‘Santa Claus rally’. Esse movimento consiste na temporada de férias dos investidores institucionais e qualificados (quem possui mais de R$ 1 milhão investido), somado as tomadas de posições compradoras por parte dos investidores.
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No período, as oscilações do Ibovespa são puxadas pelos movimentos das pessoas físicas que normalmente operam no curtíssimo prazo, afirmam os especialistas da Terra Investimentos. Como o investidor tende a desmontar rapidamente suas posições quando vê um papel caindo ou procura comprar um ativo quando está subindo, o índice tem movimentações abruptas – por isso o termo rali.
“Como o movimento fica totalmente atrelado ao psicológico do mercado de varejo e ninguém quer perder dinheiro, a escolha por comprar e vender ativos no curto prazo deixa o índice mais volátil”, explica Felipe Pontes, diretor operacional da Economatica – saiba como montar seus investimentos neste período de volatilidade.
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O especialista diz também que as parcelas do 13º salário estimulam uma injeção de capital por parte das pessoas físicas, que querem ver o dinheiro render. “Dessa forma, aumenta ainda mais a volatilidade na Bolsa, pois há uma procura por ativos de rentabilidade positiva no curto prazo”.
Vale aproveitar o rali?
Não. No geral, os especialistas reprovam que investidores comprem ativos pelo simples fato de existir um rali. Eles justificam que por conta da forte volatilidade do período, fica mais difícil de encontrar boas oportunidades.
Um levantamento realizado pelo Economatica apontou que entre 1986 a 2021, o Ibovespa apresentou maior volatilidade em janeiro, com variação de 29,25%. Em segundo e terceiro lugar ficaram março (26,50%) e dezembro (24,92%), respectivamente.
Para Mario Mariante, analista-chefe da Planner Corretora, as oportunidades de compra na Bolsa devem ser consideradas para um horizonte de médio prazo, olhando para empresas com bons fundamentos, boa gestão e situação financeira, presença em setores com perspectivas positivas e pagadoras de bons dividendos.
Luiz Adriano Martinez, portfolio manager da Kilima Asset, por sua vez, também não indica que compras de ações sejam feitas só por conta do rali de Natal. Ele indica não só para este período de fim de ano, mas também para os próximos meses que os investidores fiquem atentos às commodities. “Caso o governo chinês seja mais liberal em relação às políticas contra a covid-19, pode existir um retomada de crescimento no país, o que pode beneficiar o setor [de matéria-prima] como um todo”, disse.
Haverá rali neste ano?
Na visão de Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, pode ser que o evento não aconteça já que o investidor está receoso sobre como ficará a questão fiscal no próximo governo e quem serão os ministros do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ou seja, tomar posições dependerá muito mais do cenário macro do que do evento de Natal em si.
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O analista-chefe da Planner Corretora também tem uma opinião semelhante a Vella. Para Mariante, a renda variável só ficará interessante depois que as incertezas econômicas forem respondidas. “Até lá, o pequeno investidor deve ficar fora de qualquer movimento especulativo na Bolsa e focar em boas oportunidades para prazo mais longo”.