- A Petrobras mais uma vez anunciou a redução do preço da gasolina em 6,1% e do diesel em 8,1%, vendidos às distribuidoras
- Essa foi a primeira vez que a companhia reajustou o preço do combustível em pouco mais de três vezes; porém, essa é a quarta vez desde julho
- A Petrobras afirmou em 27 de novembro, em comunicado ao mercado, que o pagamento de dividendos extraordinários está previsto na Política de Remuneração ao Acionista
A Petrobras anunciou uma nova redução do preço dos combustíveis vendidos às distribuidoras. A gasolina ficou 6,1% mais barata, e o diesel 8,1%. Essa foi a primeira vez que a companhia alterou o preço do combustível em pouco mais de três meses. Esse movimento, que pode trazer ao mercado uma percepção de queda no caixa da companhia, na verdade, não impacta os números da petroleira e, consequentemente, o pagamento de dividendos.
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Na teoria, como há uma queda nos preços do petróleo brent – chegou a cerca de US$ 80,00 nos últimos dias, o menor valor em quase um ano -, a Petrobras costuma reduzir o preço na bomba para manter o caixa equilibrado e seguir com o pagamento de dividendos semelhante a outros períodos.
Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero Investimentos, explica que a companhia poderia manter o preço alto na bomba mesmo que existisse uma queda na cotação da commodity para ter mais caixa e pagar mais dividendos. “Porém, existe uma pressão política para seguir a paridade internacional, já que o Brasil é totalmente voltado ao modal rodoviário. Tanto que a cadeira de presidente da companhia foi alterada diversas vezes neste ano por conta desse motivo [de qual preço seguir]”.
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Vale lembrar que o dividendo é uma parcela do lucro apurado de uma companhia e distribuído aos acionistas, podendo ser pago de forma mensal, trimestral ou semestral.
Ou seja, no final, o importante para o investidor focado em dividendos, segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus, é o preço do petróleo e a paridade dos combustíveis com o mercado internacional, não o corte na bomba.
Os dividendos devem seguir no mesmo patamar?
A Petrobras afirmou em 27 de novembro, em comunicado ao mercado, que o pagamento de dividendos extraordinários está previsto na Política de Remuneração ao Acionista, aprovada pelo conselho de administração em 2019 e aprimorada em 2020 e 2021. O total previsto para o pagamento em 2022, segundo dados do TradeMap, é R$ 217 bilhões – três o valor do ano anterior.
A política de dividendos da companhia é que seja oferecido ao menos 60% do caixa operacional, menos o Capex (despesa de capital). Ou seja, o que a empresa ganha na operação, menos o valor gasto para investimentos.
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Dessa forma, Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, não acredita que os valores serão altos no futuro. Segundo ele, a companhia passou por “uma temporada em que distribuiu mais que 60%, cerca de 100% do fluxo de caixa, o que hoje está insustentável e também [a petroleira] está focada em investir em novos mercados, como o de biocombustíveis e produção energética”.
Tradicionalmente, quando uma companhia foca em utilizar o caixa para ampliar seus negócios, remunerar os acionistas fica como segunda opção. Assim, o mercado espera que só depois de algum tempo, o investimento gere retorno para que a companhia retomar o pagamento de dividendos em uma magnitude maior.
Dessa forma, Nicolas Farto, head de Renda Variável da Renova Invest, acredita que para os investidores que buscam dividendos, a companhia não deve ser a melhor opção. Para ele, outro motivo que também precisa entrar no radar é a posse do próximo governo federal. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já sinalizou que diverge da atual política de distribuição de dividendos.
“O Estado, por ser um acionista majoritário da companhia, pode realizar algum tipo de mudança [na política de pagamentos]”, destacou Farto. No plano de governo, o petista deixou claro que cogita mudar a política de preços da Petrobras, o que pode afetar a remuneração dos acionistas.
Veja nesta matéria o que o mercado espera dos dividendos da companhia em 2023.
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