- A Vale (VALE3) reportou um lucro líquido de US$ 3,7 bilhões, uma queda de 16,4% em comparação ao 3º trimestre de 2022 e de 30,4% ante o mesmo período de 2021
- Mesmo com queda no lucro no trimestre, resultado anual da mineradora ainda é o 3º melhor da história da B3
- Para 2023, especialistas destacam peso da reabertura da China, que deve favorecer o desempenho da mineradora no ano
Uma das empresas queridinhas dos investidores e corretoras brasileiras divulgou nesta quinta-feira (16) seu resultado trimestral referente aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2022. A Vale (VALE3) reportou um lucro líquido de US$ 3,7 bilhões, uma queda de 16,4% em comparação ao terceiro trimestre de 2022 e de 30,4% ante o mesmo período de 2021.
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O resultado é um tanto quanto mais “morno” do que o alcançado em outros trimestres. Ainda assim, o lucro líquido de US$ 16,7 bilhões no consolidado do ano é o terceiro maior lucro anual de uma empresa listada na história da B3 – atrás somente dos resultados alcançados pela própria mineradora e pela Petrobras (PETR4) em 2021, mostra um levantamento feito por Einar Rivero, do TradeMap.
Os números também não foram surpresa no mercado financeiro. A Vale já havia divulgado no dia 31 de janeiro seu relatório de produção, uma prévia operacional do trimestre e do consolidado de 2022 que mostrava que a companhia não atingiu o guidance estabelecido para o período. A produção de minério de ferro no 4º trimestre de 2022, por exemplo, alcançou 80,8 milhões de toneladas, uma queda perto de 10% em relação ao trimestre anterior.
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“O quarto trimestre é sazonalmente favorável à vendas que, se concentradas mais próximas ao fim do ano, podem ter beneficiado a companhia”, destaca Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos. Apesar da produção abaixo do guidance, o preço do minério de referência encerrou o período em US$ 114 a tonelada, acima dos US$ 99 negociados no 3º trimestre de 2022– o que, de certa forma, amenizou a situação da mineradora.
E é isso que importa no momento, na visão do BTG Pactual, principalmente quando falamos sobre o que esperar da Vale em 2023. Para além dos números apresentados, o mercado está mesmo interessado nos indicativos da companhia para o ano, que começou com ventos mais positivos vindos da China, que reabriu totalmente suas fronteiras pela primeira vez desde o início da pandemia da covid-19, em março de 2020.
A retomada das atividades no gigante asiático, o maior consumidor de commodities metálicas do mundo, dá certo fôlego ao preço do minério no mercado internacional. Um movimento que já começou a ser sentido no Ibovespa no primeiro mês de 2023, mantendo as empresas de siderurgia no topo das altas da Bolsa brasileira, e que pode ser positivo para a Vale no resto do ano.
“Prevemos uma queda sazonal nos números de produção/vendas ao longo do 1T23, como resultado da estação chuvosa impactando os principais locais de mineração. Mas essa fraqueza da oferta ocorre em um momento de aceleração da demanda chinesa”, destacam Leonardo Correa e Caio Greiner, analistas do BTG. “Isso deve sustentar preços do minério de ferro no intervalo de US$ 110-130 a tonelada (ou mais) – ainda muito saudável para fluxos de caixa e favorável a ganhos positivos em 2023.”
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O time de research do banco tem recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de US$ 19, o equivalente a aproximadamente R$ 99 por papel na cotação desta quinta-feira. A VALE3 é a “top pick” do BTG para surfar a reabertura da China em 2023. “Em nossa opinião, a administração continua altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital e esperamos que a maior parte da agenda de médio prazo seja para gerar retornos aos acionistas”, dizem Correa e Greiner.
Nesta quinta-feira (16), junto aos resultados do 4º trimestre de 2022, a Vale anunciou a distribuição de R$ 8,130 bilhões em dividendos, um valor de R$ 1,827646133 por ação. O pagamento será realizado a todos os acionistas com as ações da companhia na carteira até o dia 13 de março.
Apesar dos bons ventos vindos da China apoiarem boas perspectivas para a companhia, há também quem esteja menos otimista que o consenso com o ano da mineradora. Na Genial Investimentos, embora a reabertura chinesa seja um “grande driver” para a companhia, a melhora na demanda vinda do país asiático deve ser menor do que o mercado imagina. Por causa disso, em meados de janeiro, a corretora rebaixou a recomendação das ações da Vale de compra para manutenção, com preço-alvo de R$ 105.
“Desde que as notícias começaram a circular sobre a flexibilização do covid-zero, o papel andou e expurgou boa parte do upside que víamos para a mineradora em termos fundamentalistas”, explicam Igor Guedes, Ygor Araujo e Renan Rossi, analistas da Genial.
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Os analistas destacam que há “algum nível de especulação”, tanto no preço do minério de ferro em patamares de US$ 120-110 a tonelada, quanto na volatilidade positiva vista nas ações da mineradora em janeiro. “Esses movimentos costumam ser muito eufóricos pelo mercado, que na maioria das vezes, erra a mão na intensidade”, ressaltam.