O acordo judicial referente à indenização da Usina Hidrelétrica Três Irmãos, anunciado em dezembro e homologado no início de janeiro, impulsionou o lucro líquido da Auren Energia no quarto trimestre e no consolidado de 2022. A companhia anunciou um resultado líquido de R$ 2,453 bilhões no último trimestre do ano passado, ante os R$ 42 milhões reportados um ano antes. Com isso, no acumulado do exercício a linha somou R$ 2,675 bilhões, um aumento de 536,6% em relação aos R$ 420,3 milhões de 2021. A indenização pelos ativos não amortizados da usina responde por R$ 2,05 bilhões do resultado.
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O acordo judicial aparece no balanço financeiro da Auren na receita financeira, pela atualização monetária da indenização desde a data que foi entregue a concessão, em 15 de junho de 2012, até a data do acordo judicial, em 07 de dezembro de 2022, o que resultou em um efeito de R$ 2,4 bilhões. Com isso, o resultado financeiro líquido ficou positivo em R$ 2,067 bilhões no quarto trimestre, ante R$ 210 milhões negativos de igual etapa de 2021. No ano, o resultado financeiro somou R$ 1,66 bilhão, ante despesa líquida de R$ 773,3 milhões no exercício anterior.
“Hoje é uma divulgação histórica para a Auren, temos que comemorar a negociação de Três Irmãos, que foi um tema bastante discutido inclusive na época da privatização da Cesp, é o tema que tirou alguns players da discussão, na época, pela preocupação em relação a esse recebível; passamos quase cinco anos discutindo isso e felizmente conseguimos uma solução para este tema”, disse o diretor presidente da Auren Energia, Fabio Zanfelice.
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No acordo, a Auren aceitou o valor incontroverso histórico de R$ 1,717 bilhão (a ser atualizado pela Selic) proposto pela União para a indenização pela reversão de bens não amortizados ou não depreciados da hidrelétrica. O montante será pago em 84 parcelas mensais e consecutivas, sendo a primeira até 15 de outubro de 2023.
O acordo implicou na renúncia dos pedidos judiciais, que já se arrastavam há quase 10 anos, feitos pela própria estatal Cesp, que defendia um valor maior. Zanfelice comentou que, a despeito de alguns argumentos apresentados à Justiça terem fundamento na defesa por uma indenização maior, o próprio mercado sempre acreditou que o mais provável seria o pagamento apenas do incontroverso. “Tem sentido fazer a negociação porque já era a expectativa dos acionistas de que o valor recebido seria aquele mesmo, esse foi o fundamento da decisão”, explicou.
O Lucro antes de Juros, Impostos, Amortizações e Indenizações (Ebitda) ajustado – que exclui provisão/reversão para litígios, baixa de depósitos judiciais, e inclui dividendos recebidos – somou R$ 520,8 milhões no quarto trimestre, um aumento de 51,3% na comparação anual. A margem Ebitda ajustada cresceu 17 pontos porcentuais no mesmo período, chegando a 35,1%. No ano, Ebitda Ajustado aumentou 61,3%, totalizando 1,79 bilhão, enquanto a margem chegou a 31,1%, alta de 14 p.p.
A receita líquida, por sua vez, recuou 20,7% entre outubro e dezembro de 2022, ante igual etapa de 2021, somando R$ 1,485 bilhão. Com isso, no ano, a linha totalizou R$ 5,75 bilhões, 11,2% abaixo do verificado no exercício anterior.
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Apesar do crescimento da receita com geração hidrelétrica, por conta dos reajustes de contrato, e com geração eólica, devido à entrada em operação de novas usinas e reajustes, houve redução de 19% na receita de comercialização, por conta das operações de trading de energia, explicada por menor volume transacionado e menores preços observados no mercado – R$ 199 por megawatt-hora (MWh) no quarto trimestre, ante R$ 255/MWh um ano antes.
A Auren encerrou 2022 com dívida líquida de R$ 2,489 bilhões, 13,4% menor em relação ao reportado um ano antes. A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, recuou a 1,4 vez, ante 2,6 vezes ao final de 2021.