No primeiro pregão da Bolsa de Valores após o pedido de renúncia de Rubem Novaes da presidência do Banco do Brasil (BBAS3), as ações da instituição financeira registraram valorização de 2,83%, aos R$ 34,91, um desempenho melhor do que a alta de 2,05% do Ibovespa. Na sexta-feira (24), um comunicado do banco informava o mercado que Novaes deixará o comando do banco a partir de agosto, pois no entendimento dele “a instituição precisa de renovação para enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário”.
Neste cenário, o E-Investidor conversou com especialistas para saber qual será o comportamento das ações do BB (BBAS3): a troca de comando em meio à crise causada pela pandemia da covid-19 é benéfica para o investidor?
Segundo os especialistas, o pedido de demissão de Novaes pegou o mercado de surpresa. “Ninguém esperava que ele saísse, pois é uma pessoa muito experiente e respeitada no meio”, diz José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
Daniel Herrera, analista da Toro, explica que, ao que tudo indica, a renúncia ao cargo é por uma questão pessoal e não por interferência política no banco ou má conduta de Novas à frente do BB. “Aparentemente será uma transição tranquila”, comenta ele.
Apesar disso, o especialistas destacam que, a princípio, a decisão não deve afetar negativamente as ações do banco.
Assim, os papéis o BBAS3 devem continuar seguindo a mesma tendência do Ibovespa, que é positiva, apesar da saída de Novaes ser vista como negativa para o mercado. “Ele vai seguir a mesma toada do mercado enquanto não surgirem novas informações”, afirma Herrera.
Cenário ainda é incerto
Mesmo com o papel seguindo o ritmo do mercado, os especialistas afirmam que o contexto do BB ainda é duvidoso. “A notícia está ficando um pouco de stand by, mas o cenário ainda é nebuloso enquanto não saírem mais informações”, diz o analista da Toro.
Para Cataldo, a grande dúvida no momento é saber quem vai assumir no lugar de Novaes. Segundo ele, se for alguém de cunho liberal, a troca pode ser favorável ao papel do banco, mas se for uma decisão política, o impacto pode ser muito negativo. “Se o BB escolher um nome bem visto [pelo mercado], suas ações devem ser impulsionadas”, diz o head de research da Ágora.
Publicidade
Segundo o Estadão/Broadcast, os nomes mais cotados para o cargo são Hélio Magalhães, presidente do conselho de administração do BB; Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal; e Walter Malieni, vice-presidente de negócios de atacado do BB. Mas, no final da noite de segunda-feira, Conrado Engel, ex-presidente do HSBC e ex-vice-presidente do conselho de administração do Santander, ganhou força.
Vale a pena apostar na BBAS3?
Segundo os especialistas, o papel está atrativo mesmo no cenário atual. Cataldo comenta que os grandes bancos não acompanharam a alta recente do Ibovespa e continuam com grandes descontos no ano. Assim, o BB deve manter-se em recuperação mesmo com a troca de seu presidente. “Está com um preço muito baixo”, diz ele.
“O BB foi o que ‘mais apanhou’ entre os bancos e acreditamos que apesar dele ter sentido muito a pandemia e da saída de Novaes, a gente continua acreditando que ele é uma boa oportunidade no momento”, concorda Herrera. No ano, o BB (BBAS3) tem desvalorização de 33,12%, o desempenho é melhor apenas que o do Santander (SANB11) (-37,36%) entre os grandes bancos.
Apesar disso, eles ressaltam que é importante o investidor estar atento aos desdobramentos do caso, pois novas informações podem mudar esse cenário. “O BB deve se recuperar, mas isso está sujeito a quem vai assumir a presidência”, diz Herrera, da Toro.