- Uma pesquisa feita Genial/Quaest mostra que a visão geral do mercado financeiro brasileiro sobre o início do novo governo Lula é amplamente negativa
- A primeira edição da "O que pensa o mercado financeiro" ouviu 82 executivos de casas de investimentos de São Paulo e Rio de Janeiro, entre gestores, economistas, traders e analistas
- Para 98%, a política econômica vai na direção errada, enquanto 78% espera que a economia vai piorar nos próximos 6 meses
O governo brasileiro não está preocupado com o controle da inflação, vai haver recessão no Brasil, o dólar vai ultrapassar os R$ 5,30 e nem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passam confiança. Esta é a visão geral – e amplamente negativa – do mercado financeiro brasileiro sobre os menos de três meses da nova gestão petista, mostra uma pesquisa feita pela Genial/Quaest e divulgada nesta quarta-feira (15).
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A primeira edição da pesquisa “O que pensa o mercado financeiro” ouviu 82 executivos de casas de investimentos de São Paulo e Rio de Janeiro, entre gestores, economistas, traders e analistas.
Para 98% dos entrevistados, a política econômica do novo governo Lula caminha na direção errada. Apesar de estar no cargo há menos de 90 dias, não foram poucos os embates entre o presidente e a turma da Faria Lima, que vê com apreensão o cenário fiscal do Brasil. Para 78%, a economia vai piorar nos próximos 12 meses.
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É uma visão bem mais negativa do que a do público geral, que, em uma outra pesquisa realizada pela Genial/Quaest em fevereiro, respondeu em maioria (62%) que esperava uma melhora da economia nos próximos 12 meses.
Entre os entrevistados do mercado financeiro, 73% acredita que o Brasil corre risco de recessão em 2023, 42% espera uma diminuição dos investimentos externos no País nos próximos anos e 90% não acredita que a política fiscal do governo atual vai sustentar a dívida pública.
O debate sobre o novo arcabouço fiscal, que vai substituir a regra do Teto de Gastos imposta no governo de Michel Temer (2016-2018), tem movimentado os investimentos desde que o terceiro mandato de Lula começou, no dia 1.º de janeiro de 2023. O tema é aguardado com apreensão desde que, antes da posse, o Congresso aprovou um espaço de R$ 145 bilhões para o novo governo bancar programas sociais.
Como mostramos aqui, Haddad disse que a proposta de novo arcabouço fiscal será apresentada ao presidente ainda nesta semana.
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Para 32% dos entrevistados do mercado financeiro, o mais importante é que a nova regra trace um controle de gastos/despesas. Outros 12% esperam que o texto contenha um gatilho de punição em não cumprimento da regra e tenha foco na estabilização e controle da dívida pública.
A pesquisa mostra ainda que a expectativa da maioria (61%) dos 82 entrevistados é que a nova regra fiscal seja aprovada nos próximos seis meses. Já a reforma tributária – outra pauta econômica vista como prioridade tanto para o governo quanto para o mercado – divide mais as opiniões em relação ao tempo necessário para a aprovação: 41% vê como “regular” a chance do governo passar a proposta nos próximos seis meses, enquanto 32% vê como alta e 26%, como baixa.
A proposta de criação de um imposto único, no entanto, é unanimidade: 98% consideram como uma decisão acertada.
Lula, o BC e os ministros
Um dos principais embates de Lula com o mercado financeiro neste início de governo foram as declarações do presidente contra a autonomia do Banco Central (BC) e a figura de seu presidente, Roberto Campos Neto.
A relação entre Lula e a diretoria do BC foi avaliada como negativa por 90% dos entrevistados. E, nos próximos seis meses, deve ficar igual (49%) ou piorar (43%). Ainda assim, 89% não acredita na possibilidade de exoneração de Campos Neto nos próximos seis meses.
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De acordo com a Genial/Quaest, o presidente do BC é a figura melhor avaliada pelos entrevistados entre os 13 nomes do governo que aparecem na pesquisa: 68% confia “muito” nele, enquanto 94% confia “pouco/nada” em Lula.
Os nomes ligados ao bolsonarismo, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), também têm maior aceitação no mercado: 41% confia “muito” no primeiro e 40%, no segundo. Já os nomes do PT desagradam: 98% disse que não confia “nada” na presidente do partido, Gleisi Hoffman, e no presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu 66% de desconfiança por parte dos entrevistados, enquanto 33% respondeu “mais ou menos”. Seu trabalho à frente da pasta é visto como positivo por 10%, como regular por 52% e como negativo por 38%.
A agenda econômica do PT
Não é surpresa que a agenda econômica do PT desagrada os integrantes do mercado financeiro. Temas como alteração na política de preços e de dividendos da Petrobras, taxação dos proventos ou interferência nas empresas estatais adicionam volatilidade na Bolsa de valores sempre que aparecem em pauta.
Para 86% dos entrevistados pela Genial/Quaest, as chances do governo usar o Banco do Brasil ou a Caixa para baratear o crédito são altas. Outros 74% também veem como forte a possibilidade de alterações na Lei das Estatais.
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Na Petrobras, 91% acredita que o governo vai alterar a política de dividendos nos próximos seis meses, enquanto 81% aposta na alteração da política de paridade de importações (PPI).