Comportamento

“Governo Lula está na direção correta”, diz economista-chefe da Bloomberg

Adriana Dupita analisou os 100 dias de governo Lula, falou sobre o arcabouço fiscal e fez projeção para o dólar

“Governo Lula está na direção correta”, diz economista-chefe da Bloomberg
Adriana Dupita, economista-sênior da Bloomberg Economics. Foto: Bloomberg
  • Para Adriana Dupita, economista-sênior da Bloomberg Economics, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na direção correta para colocar o país de volta nos trilhos
  • “Eu não estou tão pessimista quanto algumas pessoas do mercado. Não acredito que o fiscal vai sair do controle”, afirmou Dupita, durante Webinar “100 Dias de Lula III: Primeiros Sinais, Velhos Dilemas, Novos Problemas”
  • A economista afirma que o novo arcabouço fiscal, do ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), é um bom “ponto de partida” - apesar das lacunas que ainda precisam ser preenchidas em relação ao funcionamento da âncora orçamentária

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na direção correta para colocar o País de volta nos trilhos, com crescimento mais forte do que nos últimos anos, mais estabilidade monetária, cambial e fiscal, além de um maior equilíbrio do ponto de vista de distribuição de renda. Essa foi a avaliação da economista-sênior da Bloomberg Economics, Adriana Dupita, no webinar “100 Dias de Lula III: Primeiros Sinais, Velhos Dilemas, Novos Problemas”, que aconteceu na manhã desta terça-feira (11).

Dentro do cenário traçado por ela, Dupita projeta que o câmbio pode chegar ao fim do ano abaixo dos R$ 5 – hoje a moeda norte-americana caiu para baixo dos R$ 5,00 pela primeira vez em dois meses. “Eu não estou tão pessimista quanto algumas pessoas do mercado. Não acredito que o (problema) fiscal vai sair do controle”, afirmou.

A economista disse que o novo arcabouço fiscal, do ministro da Fazenda Fernando Haddad, funciona como um bom “ponto de partida”, apesar das lacunas que ainda precisam ser preenchidas em relação ao funcionamento da âncora orçamentária.

A principal dúvida, segundo ela, diz respeito a como ampliar as receitas para que a nova regra seja cumprida. Do jeito que está hoje, o crescimento das despesas do governo ficarão limitadas a 70% do crescimento das receitas. Adicionalmente, há um limite máximo e mínimo para a elevação real das despesas (0,6% a 2,5% ao ano), um piso para investimentos, metas para resultado primário e uma punição em caso de descumprimento destas metas, que é a redução do crescimento das despesas para o ano seguinte.

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O mercado teme que esse modelo desemboque em uma elevação de impostos para bancar o crescimento das receitas. “Prepare o bolso, porque alguém vai ter que pagar essa conta”, sinalizou Dupita. Ainda assim, ela afirmou que o arcabouço apresentado é razoavelmente “crível”.

Herança de Bolsonaro

Nos primeiros 100 dias de governo, o principal ponto negativo ficou com as discussões entre o Executivo e o Banco Central. Na visão de Dupita, não é surpreendente que Lula queira juros mais baixos e veja o presidente do BC, Roberto Campos Neto, como um inimigo.

Contudo, o bate-boca público nos últimos três meses foi contraproducente e só prejudicou as perspectivas econômicas. “Para Lula, o Roberto Campos é uma herança de Jair Bolsonaro”, afirmou Dupita. “É uma briga em que todos estão perdendo. O presidente tem pouco espaço de manobra na política fiscal e agora ele tem pouquíssima influência na política monetária.”

Uma eventual mudança nas metas de inflação, ideia sinalizada por Lula neste primeiro trimestre, também será um grande erro caso seja levada à prática. “Não tem nada que torne o Brasil tão único que justifique ser um dos únicos emergentes com meta de inflação acima de 3%. Não é legal ter uma inflação maior que os pares”, disse Dupita.

Para os próximos meses, os investidores devem continuar acompanhando a influência do governo nas estatais, como a Petrobras (PETR3; PETR4), e o comportamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Este último pode ser mais demandado em função de uma diminuição do crédito na economia, se transformando, assim, em uma força contrária aos efeitos da política monetária.

“O BNDES não precisa ser pequenininho. Ele pode ser grande, forte e atuante, desde que esteja atuando em setores que faça sentido ter subsídio de crédito público, como inovação, transição energética e para médias empresas”, explicou Dupita.

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