- As memecoins são ativos produzidos em massa com valores baixíssimos e tem seus nomes cunhados em homenagem às piadas e imagens virais da internet (memes)
- Analistas, no entanto, alertam que este tipo de ativo é “capital especulativo” e deve ser usado somente para entretenimento.
- O volume de negociação de Pepe foi tão alto que a Memecoin conseguiu fazer com que o BTC e o ETH caíssem junto com ela. Ambas as moedas chegaram a cair mais de 10% desde 5 de maio
As memecoins ganharam destaque, novamente, no mercado de criptomoedas, após a decolagem do ativo Pepe no último mês. Analistas, no entanto, alertam que este tipo de ativo é “capital especulativo” e deve ser usado somente para entretenimento.
As memecoins são ativos produzidos em massa com valores baixíssimos e tem seus nomes cunhados em homenagem às piadas e imagens virais da internet (memes). Sua relevância, normalmente, acontece pela força de narrativa feita nas comunidades cripto nas redes sociais.
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Esses ativos têm chamado a atenção de diversos investidores, uma vez que essas criptomoedas têm valores baixíssimos e um potencial de volatilidade muito mais alto do que de outros tokens, como o bitcoin (BTC) e o ethereum (ETH), que já são voláteis.
A Pepe, por exemplo, tem 391,790,000,000,000 de tokens em circulação e às 11h47 desta terça-feira (16), cada um deles valia R$ R$0.000008183. Ou seja, com apenas dez reais, qualquer investidor poderia comprar mais de 1 milhão de tokens Pepe e, desde sua criação, ela já se valorizou cerca de 2825,03%.
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A Pepe conseguiu se valorizar dessa forma por conta de uma campanha promovida no Twitter para a compra do ativo, até o momento em que ela atingiu um valor de mercado de mais de US$ 1,6 bilhão em 5 de maio.
O problema das memecoins, no entanto, está na própria volatilidade. Logo após atingir seu pico em cinco de maio, a Pepe reverteu seu curso de alta e despencou 70% nos dias seguintes, de acordo com o dados CoinMarketCap.
Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin, ainda alerta que é preciso ter cuidado ao investir em Memecoins, uma vez que esses ativos não têm os mesmos fundamentos que outras criptomoedas, e servem apenas como uma forma de especulação financeira.
“Esses tokens são muito mais baseados em especulação, narrativa e força de comunidade do que em fundamentos. Quando nós avaliamos os fundamentos dos investimentos e da blockchain, nada disso se aplica para essas moedas”, disse.
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“O primeiro grande perigo das memecoins é que elas são feitas para atrair especuladores. A pessoa cria o código para a criptomoeda e começa a listar ela em exchanges de categoria baixa até ela ganhar relevância, aumentar o preço e aí despejar todos os tokens que ele detém”, completou.
O volume de negociação de Pepe foi tão alto que a memecoin conseguiu fazer com que o BTC e o ETH caíssem junto com ela. Ambas as moedas chegaram a cair mais de 10% desde 5 de maio, contrapondo os ralis de alta anteriores.
Quais são os perigos das memecoins?
Além do risco inerente do mercado de criptomoedas, há ainda outros riscos àqueles que decidirem investir nesse tipo de ativo: o perigo de sofrer um golpe e a desvalorização artificial da criptomoeda.
Szuster explica como esses ativos, que são utilizados como capital especulativo tanto por traders quanto pelos próprios criadores, podem perder seu valor em pouquíssimo tempo, como de fato aconteceu com a Pepe.
“A própria pessoa que cria o token pode colocar no contrato, por exemplo, cláusulas que impeçam a venda do ativo imediatamente ou até mesmo que não possa vender aquele ativo”, disse.
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“E quem criou esse token normalmente tem várias criptomoedas guardadas, e quando o preço começa a aumentar, ele vende esses tokens no mercado e o preço despenca, deixando o investidor sem ter o que fazer e com um prejuízo, isso quando ele ainda consegue vender”, completou.
Felipe Medeiros, analista de criptomoedas da Quantzed Criptos, também destaca que esse tipo de investimento tem que ser tratado como uma forma de entretenimento.
“Todas essas memecoins, incluindo a Doge, são uma forma de entretenimento financeiro, elas são criadas para fazer uma sátira, uma brincadeira, elas não tem nenhuma utilidade. No futuro, isso vai valer zero, porque não tem uso real”, disse Medeiros.
O analista ainda destaca que essas criptomoedas também estão muito concentradas na mão de poucos players, e que por isso elas são manipuladas.
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“As memecoins ainda estão nas mãos de poucas pessoas e que manipulam os valores delas, porque quando há alta no preço elas despejam esses tokens para compra em varejo, visando lucros exorbitantes”, alertou.
O que eu devo olhar na hora de investir em cripto?
Para investir em criptomoedas, há alguns critérios que devem ser seguidos, de forma similar com o processo de comprar uma ação na Bolsa de Valores. Para fazê-lo, é preciso estudar quem fez o ativo, qual sua funcionalidade e qual o seu nível de confiança.
Medeiros destaca que você precisa saber qual a funcionalidade do ativo ao comprá-lo, inclusive no caso das memecoins.
“Ao comprar você precisa se perguntar: qual a funcionalidade? Para que ele serve? Qual o risco de investir nisso? Você precisa perguntar essas coisas em qualquer cripto que for comprar”, disse.
“E se você decidir investir em memecoins, você precisa ter muito cuidado ao fazer isso, porque várias dessas moedas são manipuladas. A Pepe, por exemplo, valorizou 2.000% em um mês, mas caiu 70% em poucos dias. Então você conta muito mais com a sorte do que com qualquer tipo de análise”, completou.
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Szuster é ainda mais assertivo ao dizer que, caso o investidor queira comprar esses ativos, ele tem de estar disposto a correr um grande risco de perder todo seu dinheiro.
“Isso é quase como um cassino virtual. Se você quiser investir nelas, o que eu não recomendo, porque eu nunca compraria, saiba que esse é um dinheiro para divertimento e que você pode perder ele a qualquer momento”, alertou.
E para investir em qualquer criptomoeda, Szuster também destaca que é preciso saber qual problema esse ativo resolve ou como ela é aplicada no mundo real.
“Na ethereum, por exemplo, você precisa ter a criptomoeda para ter uma plataforma de contratos inteligentes ou o bitcoin para fazer pagamentos internacionais. Quando a moeda tem um fundamento, isso é fácil de saber”, comentou.
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O analista destaca, ainda, outros dois pontos que é preciso ter atenção na hora de investir em criptomoedas. O primeiro deles é o projeto do ativo. “Isso é o que vai te dizer se o projeto vai valorizar ou não. Na ethereum, por exemplo, você vê a evolução com todos os projetos, no começo a ETH ainda era ProofOfWork”, disse Szuster.
O último ponto seria o fator econômico da moeda como, por exemplo, a quantidade de tokens emitidos, o valor deles e como eles estão distribuídos entre os investidores os criadores do ativo.