

De pizza e acarajés com a cor rosa, a vagão no trem de São Paulo: as últimas semanas foram tomadas por ações de marketing envolvendo o filme da Barbie, que estreou nesta quinta-feira (20).
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De pizza e acarajés com a cor rosa, a vagão no trem de São Paulo: as últimas semanas foram tomadas por ações de marketing envolvendo o filme da Barbie, que estreou nesta quinta-feira (20).
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Quem é fã da boneca e gastou com o look pink para ir ao cinema pode recuperar o dinheiro investindo em ações da Warner. Segundo um relatório do banco Goldman Sachs, as ações da empresa de mídia, produtora do filme, podem valorizar 60% em 12 meses. Atualmente, o papel está cotado em torno de US$ 13, mas pode chegar ao patamar de US$ 20 em julho de 2024. Com a projeção otimista, o banco recomenda compra para os papéis.
“Warner Bros. Discovery (WBD) continua sendo nossa principal escolha no setor de mídia. Embora esperemos que os investidores continuem debatendo a perspectiva de longo prazo para empresas de mídia tradicional, vemos o perfil risco/recompensa para WBD como o mais atraente em comparação com seu grupo de pares, com importantes catalisadores de execução”, informa o relatório.
Mesmo com a greve de Hollywood, que não era vista nessa magnitude desde 1960, o banco diz que esses catalisadores da Warner ajudam a suportar a tese que a coloca como top pick (preferida) para o Goldman Sachs, apesar do protesto aumentar as incertezas nas perspectivas de 2023-2024 para a indústria de mídia caso se prolongue.
O Goldman Sachs cita como catalisador para Warner três principais fatores: bilheteria do filme, lançamento do novo streaming e pagamento da dívida. Contudo, analistas ouvidos pelo E-Investidor dizem que o lançamento da Barbie já está precificado no mercado.
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“Se a bilheteria de Barbie superar Avatar, pode atingir a cifra de US$ 3 bilhões. Como o orçamento é de aproximadamente US$ 100 milhões, a margem de lucro é muito alta. Contudo, esse valor de bilheteria representa menos de 10% da receita anual da empresa, que é de cerca de US$ 40 bilhões de dólares”, explica Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
Ainda segundo o especialista, o impacto poderá ser importante nos resultados, mas o efeito já está precificado pelos analistas, que apontam uma receita estimada de US$ 43 bilhões para 2023 e um lucro por ação de cerca de US$ 0,75, diante de um prejuízo por ação de US$ 3,82 obtido em 2022.
Tanto para o analista, como para o banco, o pagamento da dívida é o fator que mais chama atenção. De acordo com o relatório, a empresa pagou mais de US$ 1 bilhão de dívidas no segundo trimestre de 2023, o que pode mostrar um boa geração de fluxo de caixa livre, que superou a própria meta da empresa para o primeiro semestre de 2023.
“Portanto, mantemos nossa perspectiva de que a WBD alcançará significativa redução do endividamento em 2023 e proporcionará um aumento significativo do valor das ações, já que a WBD continua sendo negociada próximo ao limite inferior em comparação com outras empresas similares – cerca de 6,5x EV/Ebitda (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, múltiplo usado para determinar o valor justo de uma empresa) – estimado para 2023 em comparação com aproximadamente 5-15x para os concorrentes”, destaca o relatório.
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Por fim, o último catalisador citado pelo banco consiste no lançamento do streaming Max (com a união do HBO e Discovery), em que a Warner espera que os cerca de 4 milhões de assinantes de suas duas marcas migrem para a nova plataforma logo nos primeiros meses de lançamento, em maio de 2024.
As ações da Warner apresentaram queda nos últimos dez anos. Em 2013, valiam cerca de US$ 40 e no momento valem pouco mais de US$ 13. Na variação de 20 de junho a 20 de julho, foi observada uma alta de cerca de 5,5%. Apesar do Goldman Sachs prever uma valorização a longo prazo de 60%, para o professor da FIA Business School a curto prazo pode não ser possível, se considerar outros fatores.
“O desempenho financeiro da Warner, em termos de margem bruta e margem Ebitda, está em linha com as demais empresas do setor, com cerca de 38% de margem bruta e 13,6% de margem Ebitda, próximo de concorrentes como Walt Disney Company, Paramount e Netflix”, comenta.
Porém, a atuação da WBD fica aquém da NBC Universal, controladora da Universal Pictures e responsável por outro grande lançamento da temporada, o filme Oppenheimer, do diretor Christopher Nolan. Diante disso, o especialista explica que o desempenho da empresa não justifica um potencial elevado de alta no curto prazo, a não ser pelo possível desempenho do filme Barbie.
“Caso o filme atinja grande bilheteria as ações podem manter a trajetória de alta observada nos últimos dias. Cabe destacar que o sucesso de Barbie já é algo esperado. Portanto, não creio que haja uma grande valorização nos próximos dias, a não ser pelo efeito comportamental causado nos pequenos investidores por conta do sucesso da bilheteria”, finaliza.
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