- Até a última sexta-feira (4), 1 euro equivalia a cerca de R$ 5,36. Com este valor, é possível comprar um “cafézinho” de máquina em algum estabelecimento comercial no Brasil - ou adquirir um imóvel na Itália
- Por mais que soe estranho, algumas prefeituras italianas oferecem há mais de dez anos o programa “Case a 1 euro” ou “Casa por 1 euro”
- Entretanto, é preciso ficar atento aos detalhes para não cair em uma cilada. Geralmente, as casas disponibilizadas são bastante antigas e há muitas regras e processos para enfrentar
Até a última sexta-feira (4), 1 euro equivalia a R$ 5,36. Com este valor, é possível comprar um cafézinho de máquina em algum estabelecimento comercial no Brasil. Ou adquirir um imóvel na Itália.
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Por mais que soe estranho, algumas prefeituras italianas oferecem há mais de dez anos o programa “Casa por 1 euro” para que interessados de todo o planeta possam comprar imóveis em regiões italianas famosas, como Sicília, por um valor simbólico.
Entretanto, é preciso ficar atento aos detalhes para não cair em uma cilada. Geralmente, as casas disponibilizadas são antigas e precisam de muitas reformas, além de ficarem localizadas em municípios pequenos, com pouquíssimos habitantes. A iniciativa visa justamente revitalizar e atrair moradores para vilarejos históricos.
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Além disso, cada prefeitura italiana dita suas regras em relação a como funcionará a aquisição dos poucos imóveis disponíveis. Em Mussomeli, comuna italiana na região da Sicília com cerca de 11 mil habitantes, o interessado precisa assinar uma solicitação de compra e se deslocar até o município pessoalmente para realizar uma vistoria no imóvel e entender o valor das despesas envolvidas na revitalização. Não é possível, portanto, fazer o processo de forma remota, a não ser que haja a contratação de um profissional para intermediar as transações.
O comprador também deve estar disposto a encarar todas as burocracias, como a elaboração da escritura pública de compra e venda no prazo de dois meses a partir da aprovação da aquisição, pagar todas as despesas com a lavratura da escritura, elaborar um projeto de recuperação do imóvel e iniciar os trabalhos, também no prazo de dois meses, a contar da data de emissão da licença de construção.
Por fim, ainda precisará fazer um caução de 5 mil euros em favor do município de Mussomeli como garantia da finalização do projeto, cujo prazo máximo para término é de três anos. “Na verdade, você não compra uma casa por 1 euro. Você compra um projeto por 1 euro”, Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM. “O que eles estão fazendo é buscar pessoas com capacidade de investir em casas que estão, em alguns casos, muito deterioradas.”
Cuidados
De acordo com Mello, professora da ESPM, antes de comprar a casa o investidor brasileiro deve estar ciente de todas as dificuldades em revitalizar os imóveis disponíveis no programa. Normalmente, são casas “tombadas”, com valor histórico, por isso precisam ser reformadas por profissionais especializados.
Ela também explica que há, geralmente, dois motivos para os imóveis estarem sob a posse da prefeitura: falta de herdeiros que reivindiquem a propriedade ou altos custos de manutenção, cujo pagamento se tornou inviável para os antigos proprietários. Por isso, abriram mão da locação pelo valor simbólico de 1 euro.
“São casas muito antigas. Quando foram construídas, não havia demanda de fiação elétrica, de tubulação. Então, para fazer essas instalações todas, precisa tanto da autorização, que são burocráticas na Itália, como também de mão de obra especializada”, afirma Mello.
Por estarem localizadas em cidades pequenas, vale também avaliar a viabilidade financeira do empreendimento. “É preciso verificar se é possível alugar aquela casa, se o objetivo for o aluguel, ou se há como arrumar um vínculo empregatício no local, se for para morar. No final, é um projeto de vida”, explica a especialista. “Em regiões próximas existem casas com preços baratos e já ‘arrumadas’, sem necessidade de reformar.”
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Vale ressaltar que, dependendo da regra aplicada na região, se o comprador não conseguir reformar a casa dentro do período estipulado, além de perder o direito ao imóvel, poderá também ser multado.
Fique de olho
As ofertas por casas de 1 euro na Itália costumam ter alta demanda, mesmo não sendo amplamente divulgadas. Para ficar sabendo das oportunidades, é preciso monitorar os sites dos municípios italianos aderentes ao programa. No site Case1euro.it, são postados os imóveis disponíveis na comuna de Mussomeli, mas atualmente todas as propriedades estão vendidas.
Já no site Comune.SanteliaaPianisi são postadas as moradias por 1 euro no município de Sant’elia a Pianisi, região de Molise. Hoje, há oito opções dentro do programa.
O governo italiano não é o único com programas como esse. A Irlanda anunciou neste ano que vai pagar para as pessoas reformarem casas de ilhas mais distantes. Nesta reportagem do Estadão há mais detalhes, mas a iniciativa prevê o pagamento de 60 mil a 84 mil euros (de R$ 300 mil a 440 mil, aproximadamente) para quem dedcidir se mudar para uma das 30 ilhas mais distantes do país e que estão com queda no índice populacional.
Esse tipo de subsídio é uma forma que os governos encontraram para reduzir a queda população de algumas cidades. Ainda assim, é importante tomar cuidado com as ‘letras miúdas’ dos contratos.
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