- O então presidente da varejista, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, pediram demissão
- A Ágora Investimentos colocou as ações da Americanas em “revisão"
- Durante a tarde, a CVM abriu dois processos administrativos para investigar Americanas
A Americanas (AMER3) fechou o dia com queda de -77,33%, a R$ 2,72, essa foi a 6ª maior queda da Bolsa de Valores brasileira desde 1986. O tombo no pregão desta quinta-feira (12) ocorreu após a companhia anunciar R$ 20 bilhões em inconsistências no balanço na noite de ontem.
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Ainda na quarta-feira (11), o então presidente da varejista, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, comunicaram ao mercado a decisão de não permanecer na companhia após o rombo ser identificado. Hoje, o ex-CEO declarou, em reunião com clientes do BTG Pactual, que o montante bilionário está relacionado ao “risco sacado” – veja nesta reportagem o que o termo significa.
Segundo o levantamento do Economatica, feito a pedido do E-Investidor, a pior queda na história da Bolsa brasileira foi do banco Banese (BGIP4), quando desvalorizou 90%, em agosto de 1995. Em segundo lugar ficou a administradora de empresas Cemepe (MAPT3), que recuou 87,50%, em agosto de 2019.
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Além da porcentagem, mais uma diferença entre a primeira companhia e a segunda é que a Banese ainda é negociada na B3, enquanto a Cemepe deixou de ser listada na Bolsa em 10 de outubro de 2022. Se considerada todas as companhias acima da Americanas que fecharam em queda, cerca de 80% pararam de ser negociadas, “seja por ter fechado capital, terem sido adquiridas por outras empresas ou quebrado mesmo”, afirmou Matheus Spina, especialista do Economatica.
Vale destacar que se desconsideradas as companhias que não têm mais capital aberto, a Americanas ocupa o posto de 2º pior desempenho da história. Contudo, de acordo com Marcos Baroni, especialista em fundos imobiliários da Suno Research, ainda não é possível saber a profundidade do impacto do “risco sacado, a ponto de gerar uma insolvência na companhia e, consequentemente, não ter mais capital para honrar com seus contratos”.
Gabriel Fiorillo, sócio e head de fundos imobiliários da Acqua Vero Investimentos, também diz que, apesar do valor alto, “ainda não há nenhum indicativo de que a varejista irá rescindir os contratos [para tentar controlar e organizar as contas]”.
Já o ex-CEO da Americanas gravou um pronunciamento sobre as inconsistências contábeis: “A Americanas segue vendendo, é absolutamente viável. Mas tem um nível de dívida incompatível para que possa prosseguir, então a conversa de capitalização terá que ocorrer”.
O executivo reforçou que as irregularidades não aconteceram somente em 2022, sendo um problema de vários anos passados, mas disse que ainda não é possível precisar o momento exato em que começaram.
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Veja como foi o desempenho da companhia nesta quinta-feira:
Saiba o que fazer com a ação da Americanas
As notícias para quem têm AMER3 na carteira não são boas. “O caso estampa uma situação de fraude e o mercado detesta isso. A nova administração não renunciaria se não fosse algo muito ruim e provavelmente o negócio está bem feio. A porta pode ficar pequena para o investidor que precisa sair desse papel”, afirma Pedro Menin, sócio-fundador da casa de análise Quantzed.
Menin afirma que o impacto no balanço é de R$ 20 bilhões, mas que ainda não é possível dimensionar o tamanho real desta dívida. A recomendação é que os investidores evitem se posicionar na ação.
“Enquanto o mercado não tiver um tato melhor do que aconteceu, ficará essa dúvida. Outro ponto também é quem são os bancos credores. Dependendo do tamanho buraco, se a Americanas der default (não pagar a dívida), pode contaminar a indústria”, diz Menin.
Essa também é a visão de Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira. “O comunicado foi catastrófico. É uma notícia muito complicada, o papel vai abrir lá embaixo, os investidores vão querer sair dele o mais rápido possível”, diz.
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A Ágora Investimentos colocou as ações da Americanas em “revisão”. Outras casas como XP, Citi, Itaú e Bradesco BBI também suspenderam as recomendações.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus, ressalta que as investigações estão em caráter preliminar e que não está claro se foi fraude ou não. Entretanto, a dívida de R$ 20 bilhões faz com que o patrimônio líquido da Americanas fique negativo. Isso significa que os valores que a varejista tem a pagar superam a soma de todos os ativos da empresa.
“Se realmente for desse tamanho, a Americanas precisará fazer um aumento de capital para cobrir esse rombo. Isso pode respingar em outros papéis que os controladores da Americanas tenham”, diz Ferrer.
Durante a tarde, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu dois processos administrativos para investigar Americanas. Por ora, os processos estão em fase de recolhimento de informações e apuração dos fatos.
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*Colaborou Jenne Andrade