Em encontros com investidores em Nova York e Boston, nos Estados Unidos, o Banco do Brasil (BBAS3) tem passado uma mensagem construtiva sobre o cenário à frente, mesmo com o potencial impacto negativo de mudanças regulatórias no setor. O relato é do Bank of America, que acompanhou algumas das reuniões do banco com investidores.
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De acordo com o analista Mario Pierry, as reuniões foram feitas com o vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Geovanne Tobias, e com a gerente de RI, Janaína Storti. “Em seu primeiro giro com investidores como CFO, Tobias trouxe uma mensagem construtiva para o cenário macroeconômico do Brasil, com base em um ambiente de juros mais baixos e inflação controlada”, escreve.
O banco americano afirma que saiu das reuniões com uma visão mais positiva sobre as tendências operacionais do BB. Ajudaram nesse reforço o comprometimento da administração do banco com a entrega de resultados dentro das projeções para o ano, além do desejo de manter relacionamentos de longo prazo com os clientes, ao mesmo tempo em que mantém um crescimento “sustentável”.
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O relato é feito em meio a uma bateria de reuniões de membros da cúpula do BB nos Estados Unidos com investidores, mas também com clientes e órgãos multilaterais. As reuniões acontecem em paralelo à Assembleia Geral da ONU, e o banco tem anunciado acordos de investimento e financiamento para o Brasil.
Ao mesmo tempo, o BofA menciona fatores como a proposta que acaba com os juros sobre capital próprio (JCP) e o possível teto de juros para o crédito rotativo como mudanças que podem impactar o banco de forma negativa.
No caso do JCP, a casa estima que o BB poderia ter de pagar uma alíquota efeitva de imposto 10 pontos porcentuais mais alta no ano que vem, mas que o Congresso provavelmente considerará a inclusão de alguns benefícios aos bancos no projeto final. No do rotativo, afirma que o banco parece menos vulnerável que alguns de seus pares, dada a menor exposição ao segmento de cartões de crédito.
O relatório afirma que o BB vê uma estabilização nos índices de inadimplência, mas também que as provisões contra calotes devem continuar subindo. São dois os motivos: a piora na carteira de pessoas físicas, dado que à medida que empréstimos antigos ficam “mais atrasados”, as normas do Banco Central exigem um aumento das provisões; e o caso Americanas, para o qual o BB fez provisões equivalentes a 70% do que tem a receber.
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O BofA afirma que o guidance para provisões do banco neste ano, que prevê despesas entre R$ 23 bilhões e R$ 27 bilhões, já incorpora a possibilidade de o BB ter de separar provisões para os 30% restantes.
Na carteira de crédito, Tobias reiterou, segundo o BofA, que o crescimento deve vir do consignado para trabalhadores do setor privado, em que o BB pretende ganhar mais espaço, e também do agronegócio, em que o banco possui cerca de 60% de participação de mercado. A carteira de cartões de crédito para clientes que não têm conta no banco deve continuar recebendo menor foco.
O projeto de aumentar o engajamento dos clientes deve fazer com que os investimentos em tecnologia continuem elevados, de acordo com o relato do BofA. “A administração enfatizou que a tecnologia deve melhorar a personalização dos produtos oferecidos à base, o que provavelmente aumentará os patamares de engajamento”, escreve Pierry.
O BofA reitera recomendação de compra para as ações do Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 65, o que representa um potencial de valorização de 37,3% em relação ao fechamento de ontem. O banco calcula que o papel negocia a 0,8 vez o valor patrimonial por ação, múltiplo que vê como atrativo tanto em termos absolutos quanto em termos relativos.
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