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Ação do IRB (IRBR3) sobe 57% no ano. Vale a pena investir?

Desde 2020, o ressegurador passa por reestruturação e os primeiros resultados começam a aparecer

Ação do IRB (IRBR3) sobe 57% no ano. Vale a pena investir?
Nova identidade do IRB, agora IRB (RE). Foto: IRB Re/Divulgação
  • IRB tem mais de 300 mil investidores em sua base.
  • Companhia está em turnaround e fortalece cultura, pessoas e operações.
  • Analistas observam se resultados positivos serão recorrentes, para ajustar recomendação.

O IRB (IRBR3) é um dos maiores resseguradores do Brasil e vem passando por um processo de reestruturação desde meados de 2020, após a descoberta de uma fraude de R$ 60 milhões nos balanços de 2018 e 2019. A empresa promoveu um rebranding, ou seja, atualizou o nome e o logo, passando a se chamar IRB (RE), bem como instalou novos executivos em cargos considerados de confiança.

As mudanças parecem surtir efeito. A ação da empresa sobe 22,25% no acumulado dos últimos 12 meses. Na quinta-feira (22), foi divulgado o balanço financeiro referente ao segundo trimestre de 2023. A companhia reportou lucro líquido de R$ 22,3 milhões em julho de 2023, revertendo o prejuízo de R$ 58,9 milhões referente a julho de 2022.

Nesta sexta-feira (22), o papel subia 5,29% por volta das 13h55 (22), cotado a R$ 41,81. No ano, a ação sobe 57%. No fechamento do pregão de hoje, o ativo registrou alta de 1,99%, aos R$ 40,50.

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O sócio e head de análise da Levante Investimentos Enrico Cozzolino explica que o IRB está passando por um turnaround. “Empresas que passam por esse processo de reestruturação e precisam explicar comportamentos, fatos e outros acontecimentos gastam dinheiro, tempo e foco nestas questões”, diz. Ele frisa que quando uma companhia tem um contingente muito grande de sócios pessoa física, as ações tendem a oscilar mais.

O head de análise lembra, ainda, que existe uma agenda de reforma financeira no setor de seguros que o ministro da Fazenda Fernando Haddad tenta implementar. “Isso pode destravar valor para a empresa”, diz Cozzolino. O documento a que ele se refere tem por objetivo promover o aprimoramento regulatório e aumentar a eficiência nos mercados financeiros, de capitais, de seguros, de resseguros, de capitalização e de previdência complementar aberta. Autarquias de governo vão debater a proposta até maio de 2024, quando devem apresentar uma versão final.

Cozzolino reforça ainda que a visão da Levante para o IRB é de uma companhia em reestruturação, mesmo agora no pós-balanço. “A empresa está reencontrando o caminho da lucratividade, passando por um processo de melhoraria da transparência e da governança”, destaca. A gestora se mantém neutra para o IRB.

Sem base confiável para projeções

Analista da VG Research, Milton Rabelo afirma que os números reportados ontem reforçam a percepção de que a empresa pode estar deixando para trás a sua fase mais crítica em termos de resultados.

Ele ressalta, contudo, que dado o atual nível das cotações das ações do IRB, o mercado já precifica uma melhora nos resultados futuros do ressegurador. “As ações podem subir mais caso os futuros resultados concretizem as expectativas de que o pior ficou para trás em termos de sinistralidade e lucro líquido. Apesar das melhorias operacionais recentes, o ressegurador ainda está inserido em um cenário de baixa visibilidade futura de resultados”, ressalta. Por isso, a VG se mantém neutra para a ação.

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O executivo elenca que, de forma geral, os resultados recentes foram positivos, mas o ponto de atenção reside num grau de incerteza sobre a sustentabilidade das melhorias operacionais visualizadas nos últimos resultados.

Para o analista de investimentos da Benndorf Research João Lucas Tonello a empresa está acertando a mão na gestão, e isso resulta em melhoria operacional. “Nossa recomendação para a ação IRBR3 é de compra caso o ativo consiga superar os R$ 50”, destaca, acrescentando que o investidor deve observar se os lucros serão recorrentes ou se o que se vê, neste momento, é apenas uma onda positiva. “Vale mencionar que a cotação do ativo é intrínseca aos lucros, ou seja, se a empresa der lucro, o papel valoriza. Se não der lucro, volta a cair. Desta forma, é avaliar o quão bem a empresa está tomando risco”, afirma.

O economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, disse ao Broadcast que os dados operacionais da companhia foram positivos, mas vale lembrar que a maior parte dos bancos ainda reitera recomendação de venda ou neutro para o papel devido às incertezas em relação à companhia.

Há quem se interesse por IRB

Embora boa parte das corretoras e casas de análise se mantenham neutras para a ação do IRB, há quem se interesse pelo ativo e aposte em uma valorização, como vem acontecendo.

É o caso, por exemplo, do megainvestidor Luiz Barsi, que em meados de julho de 2022 montou uma posição milionária no ativo. A filha de Barsi, a também investidora Louisi, inclusive, integra o comitê de auditoria do ressegurador. Ela é fundadora do Ações Garantem o Futuro (AGF), que tem por objetivo aproximar o investidor comum a uma estratégia de investimento em ações comprovadamente vencedora.

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Isso implica que, para quem acompanha os movimentos dos Barsi, o IRB pode ser um papel atraente, principalmente porque o guru dos investimentos tem dinheiro alocado ali. Quando a notícia que o maior investidor pessoa física do Brasil estava posicionado em IRB veio à tona, inúmeros analistas consideraram que a tese era interessante, mas o momento era inoportuno. Na ocasião, a ação estava cotada a R$ 6 e, em seguida, ela desabou para R$ 2.

De lá para cá, o ativo vem se valorizando, na esteira dos esforços contínuos por parte da diretoria que implementa correções oportunas na trajetória da empresa. Isso faz com que a afirmação de Barsi, em março de 2020, soe como uma profecia. Ele disse, na ocasião, que compraria IRB enquanto as ações estivessem baratas e que não era a primeira vez que remava contra a maré. “Vários papéis que eu comprei as pessoas diziam que eram uma porcaria e hoje custam R$ 100”, declarou, à época.

Mais à frente, em outra entrevista, ele listou algumas ações que, em sua opinião, seriam afetadas pela pressão vendedora de grandes fundos. O IRBR3 estava entre elas. As demais eram: Cielo (CIEL3), Cosan (CSAN3) e Vibra Energia (BRDT3). Ele está posicionado em todas.

Confira os resultados mais recentes

  • 2TRI23

Lucro líquido de R$ 20,1 milhões frente o prejuízo líquido R$ 373,3 milhões do 2TRI22

  • 1TRI23

Lucro líquido de R$ 8,551 milhões, sendo 89,4% menor frente o lucro líquido de R$ 80,5 milhões do 1TRI22

 

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*Nota da redação: O texto foi atualizado às 17h57 para corrigir a informação de que as ações haviam registrado a sua maior valorização no ano. 

 

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