- Analistas enxergam o resultado como positivo tanto para a companhia, que vive a segunda maior recuperação judicial da história do País, como para o investidor
- A volatilidade no papel deve permanecer, já que essa é uma ação muito suscetível aos desdobramentos do plano de recuperação judicial
- O novo plano da Oi prevê a venda de redes móveis, torres, data centers e parte da rede de fibra ótica, levantando mais de R$ 22 bilhões. Com esse dinheiro, a companhia pretende fazer o pagamento antecipado de dívidas
A aprovação da mudança no plano de recuperação judicial da Oi na noite da última terça-feira (8) animou quem acompanhou o desfecho da assembleia virtual de credores. Analistas avaliam o resultado como positivo tanto para a companhia, que vive a segunda maior recuperação judicial da história do Brasil, como para quem tem a ação na carteira de investimentos. A volatilidade no papel, contudo, deve permanecer, já que esse é um papel muito suscetível aos desdobramentos do plano de recuperação da companhia, que ainda tem um longo caminho a ser percorrido.
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“A empresa virou uma página importante em sua história”, diz um analista que acompanha a empresa, mas que preferiu não se identificar. “O resultado mostra que o pessoal está comprado nessa tese de uma nova Oi, que não é mais aquela empresa colossal, de ser uma empresa focada e com um nicho muito específico de fibra”, acrescenta a fonte.
A reunião virtual durou 12 horas e foi marcada por tensões, conflitos e problemas técnicos. Por ser uma empresa muito popular, a assembleia foi acompanhada na internet em clima de campeonato. Só para se ter ideia, os tickers da empresa na Bolsa, OIBR3 e OIBR4, tiveram quatro vezes mais menções no Twitter do que a média diária.
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O novo plano da Oi prevê a venda de redes móveis, torres, data centers e parte da rede de fibra ótica, levantando mais de R$ 22 bilhões. Com esse dinheiro, a companhia pretende fazer o pagamento antecipado de dívidas, que tiveram cortes dos valores na faixa de 50% a 55%, o que desagradou parte dos credores e gerou conflitos na reunião.
Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, também viu o desfecho como positivo para a redução de endividamento e para as ações. Ele lembra que no dia da reunião, houve momentos em que o papel registrou 21% de alta.
“A ação é muito volátil e bem especulativa devido a todos esses dados de balanço e de endividamento. Ela vai dos 20% para 3% porque está muito suscetível a essas notícias”, explica Bertotti.
Atualmente, o trio de concorrentes Claro, Tim (TIMP3) e Vivo (VIVT4) está qualificado como “stalking horse”, com oferta de R$ 16,5 bilhões pela rede móvel da Oi. Isso quer dizer que as empresas têm o direito de cobrir a oferta no processo, caso um novo concorrente entre na disputa.
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Além disso, a Oi pretende vender outros ativos, como antenas e data centers, e até o controle majoritário da empresa de tamanho reduzido que ela virá a se tornar, se comparado ao que ela é hoje, e focada apenas em fibra.
Como estão as ações da Oi e o que esperar delas?
As ações da companhia estão bem desvalorizadas desde que ela entrou em recuperação. Se em setembro de 2011, as ações ordinárias da Oi estavam avaliadas em mais de R$ 70, em março deste ano elas ficaram abaixo de R$ 0,50. Nesta quinta-feira (10), às 16h30, o papel estava cotado em R$ 1,69, preço 6,11% menor que o R$ 1,80 negociado no final do pregão da quarta-feira (9).
A Ágora Investimentos possui recomendação de Compra para a OIBR3 e tem um preço-alvo de R$ 2,10. Com o stalking horse definido, a casa de investimentos espera pelo desfecho do processo durante o quarto trimestre deste ano, quando outros potenciais compradores terão a oportunidade de fazer uma oferta pelos ativos móveis da OI, e o trio Claro, TIM e Vivo terá o direito de cobrir a oferta, se ela aparecer.
Bertotti, da Messem, também lembra que os bancos credores também podem recorrer judicialmente da aprovação do aditamento ao plano de recuperação da companhia. Além disso, ele ressalta que a compra da telefonia móvel pelas concorrentes precisa ter aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o fiscal da concorrência no País.