- Existem no mercado de renda fixa alguns produtos menos conhecidos, mas que podem oferecer boas oportunidades aos investidores com disponibilidade para correr um grau a mais de risco
- É o caso das Letras Financeiras (LF) e Letras de Câmbio (LC)
- Especialistas explicam como funciona o investimento nesses títulos e como investidores podem escolher as melhores opções
A classe de investimentos em renda fixa é uma das queridinhas dos investidores brasileiros, especialmente em momentos como o atual, em que a taxa de juros de dois dígitos eleva a remuneração desses ativos. Aportes na poupança ou em títulos do Tesouro Direto costumam ser as opções daqueles que querem investir com baixo grau de risco e boa liquidez. Mas isso não significa que estas são as únicas alternativas.
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Existem no mercado alguns produtos menos conhecidos, mas que podem oferecer boas oportunidades aos investidores com disponibilidade para correr um grau a mais de risco – e, em troca, aumentar a sua rentabilidade. É o caso das Letras Financeiras (LF) e Letras de Câmbio (LC), dois títulos de renda fixa que costumam oferecer taxas superiores aos CDBs e às LCIs e LCAs, por exemplo.
A Letra Financeira (LF), como diz o nome, é um título emitido por instituições financeiras, como bancos ou cooperativas de crédito, para captar recursos de longo prazo, sem a possibilidade de resgate antecipado. Em troca, oferece aos investidores rentabilidades mais atrativas.
A LF não pode ser emitida em um valor inferior a R$ 50 mil, para aqueles ativos sem cláusula de subordinação; ou R$ 300 mil, para aqueles com cláusula de subordinação. Isso significa que não é um instrumento de investimento acessível a todos os tipos de investidores, ainda que possa ser uma opção para aqueles que não necessitem dos recursos investidos antes do vencimento do título.
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Já as Letras de Câmbio (LC) não tem a ver, como poderia indicar o nome, como o câmbio ou a variação das cotações de moedas. Trata-se de um título de crédito, muito semelhante ao Certificado de Depósito Bancário (CDB), que pode ser emitido por bancos múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento e as sociedades de crédito, financiamento e investimento.
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, explica que o nível de risco desses ativos vai depender da instituição emissora. “Em uma comparação com o título de renda fixa do governo, com certeza as LCs e LFs são títulos mais arriscados. Mas, fazendo a comparação com títulos de emissão privada, vai depender do emissor”, destaca.
Por isso, assim como no caso de investimento em CDBs e LCIs/LCAs, antes de escolher por um ativo ou outro, é preciso se observar a quem é aquela empresa que está emitindo a LF ou LC e como está a sua saúde financeira. Especialmente no caso das LFs, que não possuem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Por isso, a importância de prestar atenção em quem é aquele emissor e qual a segurança aquele título oferece. “Capacidade de pagamento do emissor, o tamanho do emissor, o histórico de pagamento do emissor, inclusive, se esse emissor é um bom pagador. E obviamente comparar essas taxas com outros emissores”, pontua Jorge.
Como escolher?
Assim como outros títulos de renda fixa, as LFs e LCs também podem ser encontradas com três indexadores: prefixadas, pós-fixadas ou híbridas, atreladas ao IPCA. Uma simulação feita por Jaqueline Benevides, head de renda fixa da InvestAi, a pedido do E-Investidor mostra o rendimento médio dos dois produtos em aplicações de 24 meses – tempo mínimo exigido nas LFs e janela comum de vencimento nas LCs.
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Os cálculos foram feitos com projeções de dados de mercado, com a curva de juros futuro e a inflação implícita da Anbima.
Atualmente, as Letras de Câmbio estão oferecendo taxas mais atrativas do que as Letras Financeiras. Para Benevides, este é um exemplo de como a máxima "quanto maior a taxa, maior o risco" nem sempre se aplica no mercado. Por conter a proteção do FGC para aplicações de até R$ 250 mil, as LCs são consideradas ativos mais seguros do que as LFs.
"As LCs tem mais liquidez, o investidor consegue investir um valor menor de R$ 50 mil e ainda possui a cobertura do FGC. Olhando para esse cenário, atualmente está muito mais atrativo a Letra de Câmbio do que a Letra Financeira", diz a head de renda fixa.
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Nesta outra reportagem, mostramos a rentabilidade de aplicações de R$ 50 mil em outros ativos de renda fixa com a Selic em 12,75% ao ano. A título de comparação: tanto as LCs quanto as LFs oferecem aos investidores uma taxa de retorno anual superior a de produtos como Tesouro Selic, CBDs e poupança.
Mas é preciso ficar atento ao seu próprio perfil de investidor. “Além do prazo de emissão, formato e possibilidade de resgate e resgate antecipado, as taxas de remuneração, é muito importante que o investidor fique atento ao emissor, entender o nível de risco que está correndo e se está disposto a correr esse risco dada a taxa de juros oferecida”, ressalta Rodrigo Azevedo, economista, planejador financeiro e sócio-fundador da GT Capital.