A queda da taxa de juros aumenta as expectativas do mercado para os resultados das incorporadoras referente ao terceiro trimestre, o que pode sinalizar uma recuperação do setor. Isso porque, com o recuo da Selic, iniciado em agosto deste ano, o acesso ao crédito fica mais barato tanto para a construtora, que depende do capital para a execução dos projetos imobiliários, quanto para a população, que precisa do financiamento para a aquisição do imóvel.
Por enquanto, os dados operacionais prévios já sinalizaram que algumas companhias do setor podem entregar resultados robustos e sinalizar boas oportunidades de investimento no mercado. A Moura Dubeux (MDNE3) faz parte desta lista. Ao divulgar seus dados prévios operacionais, a companhia apresentou um crescimento líquido de vendas de 13% em um intervalo de um ano e de 17% em comparação ao trimestre anterior. Os cancelamentos de vendas também reduziram e passaram a ser de 7,6% das vendas brutas no terceiro trimestre.
A título de comparação, no segundo trimestre, esse porcentual era de 10,7%. “Esperamos que a margem bruta ajustada atinja 36,0% em 2023”, destacaram os analistas Ygor Altero e Ruan Argenton, em relatório da XP.
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Os analistas do Itaú BBA também avaliaram os números como positivos. Segundo o banco, o volume de vendas, que correspondeu a R$ 408 milhões, veio 25% acima das suas expectativas. “O estoque caiu para 15 meses de vendas versus 17 meses no segundo trimestre e 11 meses no mesmo período do ano passado”, destacou a instituição financeira, em relatório.
As expectativas para o balanço da Lavvi (LAVV3) também são positivas diante de um crescimento em 131% das vendas líquidas no terceiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, os meses de julho a setembro ficaram marcados pela ausência de lançamentos com o adiamento do projeto Vila Prudente para o primeiro trimestre de 2024.
A decisão aconteceu devido às mudanças no Plano Diretor da cidade de São Paulo. “A Lavvi mencionou dois projetos que podem ser lançados no quarto trimestre de 2023 – Novo Barra Funda e Casa Eden by YOO –, somando aproximadamente R$ 500 milhões em valor geral de vendas (VGV), em nossa visão”, informou a XP.
Já a Even (EVEN3) mostrou, por meio dos seus dados prévios operacionais, uma queda de 38% nas vendas contratadas no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior. Por outro lado, ao comparar o volume com o mesmo período do ano passado, é possível ver um crescimento de 7%.
“Os lançamentos (participação da empresa) totalizaram R$ 291 milhões, um aumento de 81% na comparação anual”, destacou o Itaú BBA. Por outro lado, em relação ao trimestre anterior, houve uma queda de 62%.” A operação em São Paulo respondeu por 70% dos lançamentos”, informou o banco.
Perspectivas ruins
As expectativas positivas não são unânimes para todo o setor. Os resultados operacionais prévios das construtoras Ezetec não foram avaliados com bons olhos pelo mercado. Os lançamentos da construtora reduziram em 82% na comparação trimestral e 79% em relação ao mesmo período do ano passado.
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As vendas líquidas que alcançaram um volume de R$ 281 milhões também acompanharam a queda. “Os distratos mantiveram-se em níveis mais elevados, atingindo R$ 65 milhões, uma alta de 18% na comparação anual, o que representa 18,8% das vendas brutas”, citou a XP, sobre outro ponto negativo dos números preliminares apresentados pela empresa de construção civil.
Já a Helbor (HBOR3) entregou números atraentes, como um aumento de 11% nas vendas no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Para a Genial, a construtora conseguiu reduzir o estoque e ter ótimas vendas. O problema é que esse desempenho não será o suficiente para mudar a perspectiva da companhia.
“Acreditamos que o lançamento de novos projetos enquanto ainda há um estoque grande a ser vendido e um patamar de endividamento elevado, diminui o apetite de investidores mais avessos a riscos”, informou a corretora.
Veja a performance das ações de construtoras de alta renda na bolsa
Ação
Retorno em outubro
Retornor em 2023
Divulgação de balanço
MDNE3
-9,21%
67,99%
09/11/2023
LAVV3
-12,85%
44,93%
08/11/2023
CYRE3
-11,05%
42,76%
09/11/2023
TRIS3
-15,67%
36,97%
09/11/2023
EVEN3
-6,97%
30,16%
13/11/2023
HBOR3
-13,21%
17,35%
09/11/2023
MTRE3
-21,24%
16,14%
08/11/2023
EZTC3
-18,23%
15,63%
09/11/2023
TCSA3
-10,71%
3,77%
09/11/2023
JHSF3
-13,66%
-10,46%
09/11/2023
GFSA3
-14,25%
-64,14%
14/11/2023
Fonte: Broadcast/Dados referentes até o pregão do dia 18 de outubro
Qual é a recomendação?
Os números prévios sinalizam quais são as melhores oportunidades que o investidor pode encontrar no setor. A XP recomenda a compra das ações da Lavvi (LAVV3), que tem preço-alvo de R$ 9,40 por ação para o fim de 2023, e também dos papéis da Moura Dubeux (MDNE3) ao estabelecer um preço-alvo de R$ 16,5 por ação.
Os papéis da Even (EVEN3) também, na avaliação da XP, apresentam uma oportunidade de investimento. De acordo com a corretora, há um cenário de crescimento interessante para os lançamentos em São Paulo (SP), como foco em projeto voltados para a alta renda.
A Ágora Investimentos recomenda a compra das ações da Cyrela e mantém um preço-alvo de R$ 31 para 2024. Segundo Wellington Lourenço, analista da Ágora, a empresa apresenta uma boa execução dos seus empreendimentos. “A construtora oferece distribuição nas variadas classes de renda (vendas no terceiro trimestre de 2023 com 47% em alta renda, 30% média renda e 23% baixa renda) com velocidade de vendas em níveis sólidos (48%)”, diz Lourenço.
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Já a Genial recomenda manter as ações da Helbor diante do elevado endividamento e do estoque da construtora. Além disso, a companhia enxerga que o papel possui um potencial de valorização de 22,6%, em comparação à cotação de quarta-feira (18), ao estabelecer um preço-alvo de R$ 3.