- O Bradesco (BBDC4) é o segundo maior banco do Brasil, com quase 105 milhões de clientes.
- O empreendimento conta com apoio da Claro, Vivo (VIVT4) e Embratel.
- Brasil tem 180 milhões de pessoas bancarizadas.
O Bradesco (BBDC4) é o segundo maior banco do Brasil, com quase 105 milhões de clientes, e disputa mercado com o Itaú Unibanco (ITUB4), no topo do ranking, e também com o Nubank (NU), fintech posicionada em quarto lugar, conforme levantamento do Banco Central (BC). Para se manter relevante, a instituição financeira com sede em Osasco (SP) anunciou investimentos em tecnologia 5G.
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O empreendimento conta com apoio da Claro, Vivo (VIVT4) e Embratel e visa conectar boa parte das agências físicas à sua central, e tudo operando por meio do padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga. O movimento não é exclusivo, mas, por enquanto, o Bradesco saiu na frente da concorrência nesse quesito.
O esforço tem uma razão de ser: o “bancão” quer aprimorar a experiência do cliente, principalmente em um universo onde neobancos ganham cada vez mais participação por causa da pouca burocracia na hora de abrir contas e oferecer produtos e serviços a “um clique”.
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O investimento parece um contrassenso, visto que a tendência aponta para uma diminuição da clientela nos espaços físicos e isso já é visto no volume de fechamento de agências por todo o País. Para se ter ideia, somente em 2022 foram encerradas 428 agências físicas de vários bancos, segundo dados do BC.
Ainda assim, na disputa pela preferência do cliente cada real investido é pouco diante do potencial financeiro do Brasil, afinal de contas, trata-se de um universo de 180 milhões de pessoas bancarizadas, ou seja, 82% da população, de acordo com o Banco Central.
A expectativa, tanto do banco quanto dos investidores, é que a iniciativa tenha efeito em duas frentes: a atração de novos clientes de um lado, bem como a manutenção dos atuais clientes do outro. Melhor ainda se o movimento refletir no preço das ações, cujo papel reporta queda de 29,66% nos últimos doze meses, e encerrou o dia 31 em queda de 1,20%, cotado a R$ 14,02.
Impacto pode ser positivo para a ação?
Para Matheus Nascimento, analista do setor financeiro da Levante Corp, essa parceria pode tornar a dinâmica operacional da companhia mais eficaz, o que tende a impactar positivamente a cotação dos ativos, não somente do Bradesco, mas também dos players de Telecom listados, como é o caso da Telefônica Vivo.
Existe uma sinergia entre o leque de atuação das empresas de Telecom no Brasil e Bancos, explica o especialista, acrescentando que alguns trimestres atrás, Vivo, Tim (TIMS3) e Claro iniciaram operações de crédito a clientes, por exemplo. “Considero que esta seja uma tendência para estas empresas seguirem avançando nestes nichos de mercado”, diz.
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Para ele, a implementação de novas tecnologias deve elevar, de maneira geral, tanto controles internos do banco quanto na experiência dos clientes com as plataformas disponíveis para atendimento. “O nível de personalização das ofertas de produtos deve ser cada vez maior, já que através de inteligência artificial diversas empresas têm conseguido entender cada vez mais o perfil de seus clientes”, destaca.
A Levante Corp tem recomendação neutra para o Bradesco, com preço-alvo em R$ 18 para a ação preferencial. Para chegar a este número, a Research se pauta nos níveis de deterioração da qualidade da carteira de crédito operada, especialmente nas linhas de Pessoas Físicas e PMEs, cujos níveis de inadimplência impactaram fortemente os resultados do banco.
Também observa o comportamento das receitas com mercado tendendo a zero, mas ainda em prejuízo, dado que o Bradesco não faz hedge ativo de sua carteira de crédito (uma espécie de contrato de seguro), cuja exposição está majoritariamente atrelada a taxas pré-fixadas.
Para os próximos 18 meses, a Levante ressalta que o Bradesco não irá entregar um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) de 12%, 13%, mas entende que para os próximos trimestres, talvez ainda seja este o nível de rentabilidade, dado que os ajustes quanto a provisões têm sido necessários para que se recupere a qualidade da carteira.
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“Estes ajustes são estruturais, por isso devemos enxergar avanços gradativos nesta retomada, considerando que, além dos ajustes mencionados, ainda temos um ambiente macroeconômico desafiador, o que demanda cautela”, pontua.
Do lado da tecnologia 5G, a Levante entende que o ritmo de implementação e penetração seguirá com forte avanço, pois beneficia tanto os players quanto as empresas e consumidores em geral.
Agência perde relevância
De acordo com Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, as agências físicas vão continuar perdendo relevância e embora o Bradesco tenha largado na frente na tecnologia 5G, esse movimento será comum, com as demais instituições financeiras dando o mesmo passo. A gestora tem recomendação de compra, com preço-alvo em R$ 23,40.
Soares explica que sua empresa pretende atualizar a tese para Bradesco e ainda enxerga o banco “pedalando” nos próximos 18 meses, com ROI (Retorno sobre Investimento) flutuando entre 10% e 12%.
BBDC4
- BTG tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 17;
- XP Tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 19;
- BB tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 18,40;
- Genial tem recomendação de manutenção, com preço-alvo em R$ 17,30;
Terceiro trimestre de 2023
O Bradesco deve divulgar seu balanço corporativo referente ao terceiro trimestre de 2023 no dia 10 de novembro. Vale lembrar que no segundo trimestre de 2023 a instituição financeira reportou lucro líquido recorrente de R$ 4,5 bilhões, baixa de 35,8% frente os R$ 7 bilhões do segundo trimestre de 2023.
Já no primeiro trimestre de 2023 o banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 4,280 bilhões, queda de 37,3% frente os R$ 6,8 bilhões do primeiro trimestre de 2022, e o lucro líquido contábil caiu 38,9% com os R$ 7 bilhões obtidos no primeiro trimestre de 2022.
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