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- A Americanas (AMER3) precisa crescer o preço da ação para se manter na B3 (B3SA3).
- Atualmente o papel da companhia está cotado a R$ 0,79
- O ativo, sendo negociado a um valor tão baixo, atrai a insatisfação do mercado
A Americanas (AMER3), varejista brasileira envolvida em uma fraude contábil no começo do ano, precisa crescer o preço da ação para se manter na B3 (B3SA3). Atualmente, o papel da companhia está cotado a R$ 0,79 e abaixo de R$ 1 é considerado uma penny stocks, ou ação de centavos. A negociação do ativo a um valor tão baixo atrai a insatisfação do mercado, ou seja, a empresa pode ser penalizada por isso.
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Para resolver a situação, a Americanas pretende propor aos acionistas um inplit, que significa um grupamento de ações. No entanto, a administração da companhia não deu mais detalhes sobre o movimento. Além disso, os gestores dizem acreditar que após a divulgação do balanço, programado para depois do dia 10 de novembro, a ação deverá reportar crescimento orgânico.
A afirmação traz um certo otimismo por parte da diretoria e seu deu em resposta à Bolsa de Valores brasileira, a B3, que questionou a varejista acerca da flutuação do papel.
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Essa promessa se mudança de cenário deixa no ar a possibilidade de um ponto de virada para a varejista no mercado financeiro, visto que desde a primeira semana de janeiro de 2023, quando veio à público a informação de “inconsistências contábeis”, a rede de lojas já fechou 88 pontos comerciais, dos 1.880 que possuía, e dispensou oito mil funcionários.
Vale lembrar que a Americanas tem mais de R$ 20 bilhões em dívidas, sendo que boa parte dos credores são bancos e instituições financeiras, com os quais tenta negociar desde o primeiro mês do ano, mas sem sucesso até então.
Além disso, a varejista está em recuperação judicial tanto no Brasil quanto nos EUA e, neste processo, fica protegida pela Justiça de sofrer investidas de bancos e outros credores para, desta forma, ganhar tempo para ajustar o caixa à nova realidade.
Demora na tomada de decisão
Bruce Barbosa, analista de ações e sócio da Nord Research, confirma que para a ação crescer organicamente ela depende dos resultados da varejista no trimestre. “Quando a ‘inconsistência contábil’ veio à tona, os controladores demoraram muito em tomar uma decisão que levasse à injeção de capital e a rede começou a perder mercado. E está perdendo mercado até hoje”, explica.
O especialista destaca que a Americanas precisará de uma reestruturação grande nos próximos anos, medida que está contemplada no plano de recuperação judicial da empresa, mas que na prática ainda é abstrata.
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Para Barbosa, é possível que a varejista seja vendida pelo Grupo 3G mais à frente, medida que “faria mais sentido”, até porque “o grupo 3G [controladores] não deverá querer ficar com esse negócio em seu portfólio, pois mancha o currículo deles”, ressaltou.
Em relação ao futuro da Americanas no mercado de capitais, o analista lembra que antes desse episódio – e todos os desdobramentos – a companhia já vinha sofrendo o aperto pelo qual todo o setor está passando. “Agora, após o ocorrido tudo fica pior, pois não há dinheiro para investir, o mercado está ruim, a economia também, com juros altos e tudo o mais”, frisa, elencando as duas possibilidades já citadas: uma grande reestruturação ou a venda da empresa.
Barbosa diz não ver motivo para recomendar a ação AMER3 neste momento e lembra que há uma troca de acusações entre a diretoria antiga e o Grupo 3G, dos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. A recomendação da Nord é Neutra e a Research não trabalha com preço-alvo.
Acordo com bancos no radar
De acordo com Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, o mercado está atento ao acordo que a Americanas deverá fazer com os bancos credores. Esse é um dos principais desafios da companhia, comprovado pela falta de consenso entre as partes desde que o episódio se tornou público.
Do lado operacional, ele lembra que a pressão se mantém inclusive no marketplace e cita que Casas Bahia (BHIA3) vai mal neste quesito, bem como Magalu (MGLU3) e que somente o Mercado Livre (MELI34) tem despontado nas vendas online.
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Ele lembra que a inadimplência está elevada, sendo que o porcentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,7 ponto porcentual em agosto para 77,4% das famílias do País, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar disso, o grau de inadimplência das famílias se agravou, visto que o volume de consumidores com dívidas atrasadas subiu de 29,6% em julho para 30% em agosto.
A Empiricus tem recomendação neutra para AMER3, mas reconhece que a ação se tornou um papel de Day Trader (operação na Bolsa que começa e termina no mesmo dia), e conclui dizendo que o ativo tem futuro, porém isso ainda é difícil porque depende de uma recuperação real da companhia.