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Inflação de alimentos cai, mas é suficiente para ajudar o Carrefour (CRFB3)?

Varejista de alimentos reportou queda no volume de vendas e se prepara para divulgar os números consolidados

Inflação de alimentos cai, mas é suficiente para ajudar o Carrefour (CRFB3)?
Loja Carrefour Express. (Foto: DANIEL TEIXEIRA/ ESTADÃO)
  • Deflação em alimentos impacta resultado das empresas.
  • Varejista divulga resultados dia 1º.
  • Grupo se mantém em crescimento e é marca resiliente.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo IPCA-15, divulgado dia 26 de outubro, mostra que a inflação dos Alimentos e Bebidas no Brasil recuou pelo quinto mês consecutivo, agora 0,31% na leitura do mês vigente. Os números trazem expectativa para o investidor do Carrefour (CRFB3), cuja divulgação do balanço está programada para a próxima quarta-feira (1º).

Acontece que o varejo de alimentos segue pressionado pelo ambiente macroeconômico, que conta com juros elevados – a Selic está, atualmente, em 12,75% ao ano — e as vendas consolidadas do Grupo Carrefour Brasil totalizaram R$ 28,2 bilhões no terceiro trimestre de 2023, uma queda de 3,9% na base anual, conforme dados preliminares divulgados dia 25.

O relatório aponta ainda que o recuo nas vendas está relacionado à queda de 2,7% nas vendas LFL (referências a vendas mesmas lojas, like-for-like) de 2,7% no Atacadão e de 7,7% no Carrefour Varejo ex-gasolina. Já o Sam’s Club registrou crescimento de 2% na mesma base de comparação. A empresa elencou, em nota, que as vendas foram impactadas pela deflação alimentar (-3,0% no trimestre e -0,8% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE).

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As vendas brutas do segmento de atacarejo, por sua vez, ficaram estáveis na comparação com o terceiro trimestre de 2022, em R$ 19,7 bilhões. Neste caso, o grupo justificou que continua a ver clientes B2B (donos de comércios) desestocando, principalmente no início do trimestre, e comprando em padrões mais fracionados, resultando em menor ticket médio e maior número de tickets.

Varejista com os melhores resultados

De acordo com Eduardo Daronco, analista da Suno Research, o Carrefour Brasil é a varejista de alimentos com os melhores resultados, pois tem conseguido crescer de maneira sustentável e rentável, mesmo diante de um ambiente mais hostil. “O desafio é manter esse crescimento”, diz.

Para ele, os dois melhores varejistas de alimentos do Brasil são o Grupo Mateus (GMAT3), muito forte na região Nordeste, e o Grupo Carrefour, que tem um canal de vendas mais diversificado. “Ambos se mantém ganhando participação de mercado e tendo as melhores margens do setor”, frisa.

Ainda segundo Daronco, o setor tem sofrido com o momento atual. Por operar com uma margem bem baixa, faz-se necessário ter um giro elevado. Entretanto, os juros altos afugentam os consumidores, que acabam comprando menos e procurando produtos com menor valor agregado, que possuem menos margens às varejistas. “Dito isso, o cenário tem se mostrado mais desafiador. Não à toa, os resultados do Pão de Açúcar (PCAR3) vem sendo bem negativos”, ressalta.

Do lado positivo, o analista elenca a presença nacional e a marca forte. “O Carrefour Brasil é amplamente conhecido pelo brasileiro como sendo um mercado de preços baixos, o que garante uma recorrência nas vendas”, diz.

Ainda assim, pondera, os varejistas possuem margens bem baixas e dependem da venda de produtos mais elevados, que possuem mais margens, para ter uma rentabilidade melhor. “No contexto atual, de retração de renda, as varejistas acabam sofrendo, girando menos e tendo uma pressão de custos ainda maior”, pontua.

Deflação de alimentos

A Ativa Research explica que o setor supermercadista hoje enfrenta adversidades macroeconômicas que podem estar prejudicando as operações das empresas, sendo a principal questão a deflação de alimentos e bebidas, que incide sobre o preço final de vendas do segmento.

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Isso porque supermercadistas ligados ao modelo de varejo de maneira geral são impactados, pois o preço de seus produtos deve se adequar aos custos (que estão em queda gradual) e, com isso, suas margens devem ficar mais apertadas para o final do ano.

No caso de atacarejos, elenca a Research, eles conseguem manobrar esse efeito de deflação com o volume vendido, visto que seu modelo de negócio é voltado para a quantidade vendida, ao invés do público domiciliar comum.

“Olhando para modelos mais premium e para segmentos alimentícios perecíveis, esse efeito deflacionário impacta menos, visto que a característica dos produtos perecíveis é mais ligada ao consumo diário e necessidades básicas, no geral”, destaca.

Enquanto isso, o segmento premium é mais resiliente pela característica de seus clientes, financeiramente mais sólidos, o que traz maior solidez para as margens desse modelo de negócio.

A Ativa cobre Assaí (ASAI3) e GPA (PCAR3). “O primeiro, enfrenta um momento mais delicado pelo lado de vendas, com números mais estáveis e ainda em recuperação para 2023. Já o segundo, apesar de oferecer maior resiliência, enfrenta um momento de reestruturação operacional, o que vem pressionando suas despesas e, consequentemente, sua rentabilidade”, conclui.

Recomendações

  • BTG tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 13;
  • XP tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 13;
  • Genial recomenda manutenção, com preço-alvo em R$ 13.

Últimos resultados

No 2TRI23 o Carrefour Brasil (CRFB3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 29 milhões, queda de 95,2% frente o lucro líquido de R$ 600 milhões do segundo trimestre de 2022.

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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado foi de R$ 1,339 bilhão, queda anual de 21,7%.
Já no primeiro trimestre de 2023 a varejista reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 375 milhões e, assim reverteu o lucro líquido ajustado de R$ 421 milhões do primeiro trimestre de 2022.

O Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 1,038 bilhão no período, queda de 16,8% na base anual.

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