- A startup Atlas Governance se estabeleceu com uma plataforma de governança para empresas, a Atlas Gov
- O sistema chamado Atlas AGM ainda está em fase de validação e teste junto a 20 empresas brasileiras
- Desde a sua criação, a Atlas captou R$ 45 milhões em investimentos
A baixa participação de acionistas minoritários é histórica nas votações de empresas brasileiras listadas na B3. Os principais motivos são o desconhecimento das votações, em grande parte concentradas no começo do ano, e a burocracia envolvida no processo.
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Liderada por Eduardo Carone, egresso do mercado de private equity, a startup Atlas Governance se estabeleceu com uma plataforma de governança para empresas, a Atlas Gov. Agora, a companhia desenvolve uma ferramenta de votação para acionistas minoritários em assembleias.
O sistema chamado Atlas AGM ainda está em fase de validação e teste junto a 20 empresas brasileiras. Mas o problema que a startup tenta resolver é nítido. Apenas 1% votou em assembleias ordinárias gerais das 15 maiores empresas listadas na Bolsa em 2022. No total, 5 milhões de pessoas físicas que detinham ações na B3 no ano passado.
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Todo o processo de votação é digital e toma poucos minutos para acontecer, o que resolve um dos maiores entraves para a participação de minoritários. “Hoje, é preciso imprimir um formulário, preenchê-lo e assiná-lo a mão, escaneá-lo e enviar por e-mail ao RI. Quem tem poucas ações não gasta tempo com isso”, diz Carone.
O teste mais emblemático feito até agora foi o da empresa GetNinjas (NINJ3), que permitiu a votação de 10% de acionistas dos acionistas em relação a uma tomada de controle do negócio por parte do fundo Reag, em vez de uma distribuição de caixa para os acionistas.
O teste foi considerado um sucesso, apesar de a Reag Investimentos, gestora de João Carlos Mansur, ter levado a melhor. Na votação, 58,9% dos acionistas reprovaram a distribuição de caixa. Se aprovada, cada ação receberia R$ 4,40 do total de R$ 220 milhões que a GetNinjas tinha em caixa em outubro deste ano.
Muitas assembleias de empresas listadas acabam adiadas por falta de quórum. No começo de setembro, a Via não conseguiu realizar uma votação para elevar o número máximo de ações a serem emitidas por falta de participantes. Em março, a Oi (OIBR4) não conseguiu reunir acionistas o suficiente para votar sobre a destituição do conselho de administração da empresa. “Em casos extremos, as companhias chegam a ligar ou a mandar e-mails para os que os acionistas participem das assembleias”, diz Carone.
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Até o momento, a plataforma de votação não tem concorrentes no País. Na área de governança, a empresa tem rivais como a Diligence e Nasdaq que têm respectivamente 88 e 60 clientes, enquanto a Atlas tem hoje 600.
Além da votação de acionistas minoritários, a plataforma AGM também pode ser utilizada para, por exemplo, fazer votações de credores de empresas em recuperação judicial, em assembleias de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e debenturistas e até mesmo em reuniões de condomínio.
Desde a sua criação, a Atlas captou R$ 45 milhões em investimentos. Para o desenvolvimento da plataforma AGM, a empresa gastou R$ 15 milhões, valor que pretende novamente investir novamente para modernizar o sistema e levar a receita de US$ 6 milhões ao ano em 2023 (aproximadamente R$ 30 milhões) para cerca de US$ 100 milhões em 2024 (cerca de R$ 500 milhões). O ponto de equilíbrio nas finanças, o breakeven, deve ser atingido no primeiro trimestre de 2024, de acordo com Carone.
A Atlas está hoje em 11 países, especialmente na América Latina, e prepara a plataforma de votação em assembleias para ser um produto de contratação imediata, sem o intermédio de vendedores, o que permitiria à empresa escalar o número de clientes de forma exponencial pelo mundo.
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Após o estabelecimento do negócio em um novo patamar com o produto de votação, o produto de governança e produtos de seguro para empresas, Carone não descarta a venda da empresa ou a abertura de capital para remunerar os investidores no futuro.