O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 29, em leve alta no mercado doméstico de câmbio, mas ainda abaixo da linha de R$ 4,90, em dia marcado por ganhos moderados na moeda americana em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities. Operadores atribuíram o tropeço do real a um movimento natural de realização de lucros e ajustes na véspera da formação da última taxa Ptax de novembro, uma vez que a divisa já acumula valorização de mais de 3% no mês.
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Afora uma queda bem moderada e pontual nos primeiros negócios, com registrou a mínima do pregão (R$ 4,8640), o dólar operou com sinal positivo no restante do dia. Com máxima a R$ 4,9058, a divisa fechou cotada a R$ 4,8876, avanço de 0,32%. Na semana, o dólar ainda apresenta baixa de 0,22%. Se terminar novembro com perdas similares aos níveis atuais, a moeda vai ter a maior queda mensal desde junho, quando recuou 5,59%.
O consultor econômico da Remessa Online André Galhardo observa que novembro foi marcado por uma perda global de força do dólar, diante de leituras benignas de inflação nos EUA e sinais de que o Federal Reserve já encerrou o processo de alta dos juros. Houve também um recuo das taxas longas dos Treasuries, o que beneficiou divisas emergentes como o real.
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“A segunda preliminar do PIB dos EUA hoje trouxe crescimento anualizado mais forte. Mas a expectativa é de pouso suave da economia americana”, afirma Galhardo. “Se os dados de inflação americana vierem como esperado, podemos ter mais uma “pernada” de valorização do real em relação ao dólar”.
Pela manhã, a segunda leitura do PIB americano no terceiro trimestre mostrou crescimento anualizado de 5,3%, acima da estimativa dos analistas, de 4,9%. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) e seu núcleo no terceiro trimestre, contudo, vieram levemente abaixo da primeira leitura.
“A revisão para baixo dos números de inflação e a continuidade da convergência para a meta dão conforto pra posição de espera do Fed. Os EUA caminham pra fechar o ano com crescimento em torno de 2,5% (ante 1,9% de 2022)”, escreve, em nota, o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi.
Já em baixa pela manhã, as taxas dos Treasuries ampliaram o ritmo de queda à tarde na esteira da divulgação do livro Bege do Fed, que traz um sumário das condições econômicas do país. Com mínima a 4,59%, a taxa da T-note de 2 anos – que reflete mais às perspectivas para a condução da política monetária – desceu hoje menor nível desde junho. O retorno do T-bond de 30 anos renovou mínima à tarde, a 4,44%. A taxa da T-note de 10 anos furou o piso de 4,30%, com mínima a 4,244%.
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Segundo o documento, a atividade desacelerou desde outubro e as perspectivas para os 12 meses também recuaram. Além disso, houve moderação no ritmo de aumento de preços na maior parte dos distritos avaliados. Trata-se de um panorama que reforça a perspectiva de arrefecimento inflacionário conjugado com “pouso suave” da economia. À tarde, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse que houve progressos na redução da inflação sem queda no crescimento do país e que ainda há uma parte do aperto monetário realizado a ser transmitida para a economia.
Monitoramento de plataforma do CME mostra que a probabilidade de corte de juros pelo Fed já em março de 2024 subiu de 46,3% para 50%. Crescem também as apostas de que o ciclo total de redução da taxa de referência no próximo ano seja de 125 pontos-base.
Por aqui, investidores acompanham a tramitação da agenda econômica no Congresso. Com o mercado já fechado, o Senado aprovou, em votação simbólica, o projeto de lei de taxação dos fundos offshore e fundos exclusivos – uma das medidas gestadas pelo ministério da Fazenda para ampliar a arrecadação e cumprir a meta de déficit primário zero em 2024. Aprovado sem alterações significativas em relação ao texto que saiu da Câmara dos Deputados, o projeto segue agora para a sanção presidencial. Já a votação do PL de taxação das apostas esportivas foi adiado para a semana que vem, por falta de acordo.