- Poupança pode se tornar atrativa em 2024, com quedas nos rendimentos de aplicações de renda fixa atreladas à Selic.
- Cenário pode mudar se cortes nos juros continuarem e levarem a Selic a menos de 8,5% ao ano.
A poupança é o produto financeiro mais utilizado no País, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Apesar de não ser o mais rentável, o provável corte nos juros 2024 traz a perspectiva de que a remuneração oferecida pela caderneta entregue um resultado próximo dos títulos de renda fixa indexados pela Selic.
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Atualmente, a poupança rende 0,5% ao mês, mais a taxa referencial de 1,9% nos últimos 12 meses, segundo o C6 Bank. Isso significa que o investidor que deixou o dinheiro guardado há um ano recebeu um retorno de 7,9%. Considerando que a inflação medida pelo IPCA acumula alta de 4,68% no período, o ganho real foi de 3,22% em 12 meses.
- Veja também: Poupança: rentabilidade atinge maior nível desde 2016. Agora vale investir?
Com a Selic encerrando este ano em 11,75%, uma diferença de 7,07% para a inflação, a questão é que as principais aplicações indexadas pela taxa básica de juros pagam imposto de renda sobre os rendimentos, reduzindo os ganhos reais. É o caso do Tesouro Selic e dos Certificados de Depósito Bancários (CDBs), por exemplo. O imposto varia de 15% a 22%, de acordo com o tempo que o dinheiro ficou investido.
“Como a poupança não paga imposto de renda, o rendimento é absoluto. Esse é um dos atrativos que faz com que a caderneta seja o ponto de partida de muitas pessoas para começar a fazer investimentos”, afirma José Carlos de Souza Filho, professor de Finanças da FIA.
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O mercado projeta que a Selic encerre o ano de 2024 em 9,25% e chegue a 8,5% em 2025, diminuindo ainda mais a diferença entre os ganhos da poupança e os de títulos da renda fixa. A situação pode mudar, porém, se o Banco Central decidir intensificar os cortes na Selic.
Quando a meta da taxa básica de juros é igual ou inferior a 8,5% ao ano, o cálculo da rentabilidade da poupança muda, e rendimento passa a ser o equivalente a 70% da Selic. Ou seja, se a Selic passasse a ser de 8% ao ano, por exemplo, a caderneta renderia 5,60% – e não mais os 7,9% do cálculo usado atualmente.
Apesar da rentabilidade atrativa projetada para a poupança no ano que vem, o professor de Finanças José Carlos de Souza Filho ressalta que há algumas desvantagens em termos de liquidez, na comparação com aplicações de renda fixa. É que a remuneração dos depósitos de poupança é creditada ao final de cada mês, na data de aniversário da conta. Já no Tesouro e nos CDBs, a liquidez é diária.
“Se a pessoa resgatar o dinheiro da poupança antes da data de aniversário da conta, perde o rendimento daquele período. Por isso, tem que tomar um certo cuidado na hora de sacar os recursos”, alerta o professor.
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