O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 9, em alta de 0,74%, cotado a R$ 4,9061 no mercado doméstico de câmbio, em sintonia com valorização da moeda americana no exterior tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. Como nas sessões anteriores desta semana, a moeda mostrou oscilação bem contida, de pouco mais de três centavos entre a mínima (R$ 4,8769), pela manhã, e a máxima (R$ 4,9091), à tarde. A liquidez foi reduzida, com o contrato de dólar futuro para fevereiro movimentando pouco mais de US$ 10 bilhões.
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Na ausência de indicadores de peso para guiar os negócios, investidores adotaram postura cautelosa e optaram por reduzir exposição ao risco à espera da divulgação, na quinta-feira, 11, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em dezembro, que pode levar a um rearranjo das apostas em torno do momento em que o Federal Reserve começará a cortar os juros. Monitoramento de plataforma do CME Group mostra que as chances de início de ciclo de redução da taxa básica em março, que chegaram a alcançar 80% no fim de dezembro, agora estão na faixa de 60%.
A economista Cristiane Quartaroli, do Ouribank, afirma que falas mais conservadoras de dirigentes do BC americano nos últimos dias já começam a colocar em xeque a possibilidade de corte de juros em março. “Essa sinalização trouxe ponto de incerteza ao mercado que se refletiu em alta do câmbio, em um ambiente ainda de baixa liquidez”, afirma Quartaroli.
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Ontem à noite, a diretora do Fed Michelle Bowman disse que a política monetária já está suficientemente restritiva para levar a inflação à meta de 2% ao ano, caso seja mantida no nível atual pelo tempo necessário. Ela acrescentou que ainda não é o momento de começar o debate sobre eventual queda dos juros e disse que estaria disposta a promover aperto adicional se houver uma estagnação no progresso de desinflação da economia americana.
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que o mercado de câmbio doméstico apenas acompanha hoje a alta do dólar no mundo, em meio à valorização das cotações do petróleo e às tensões geopolíticas no Oriente Médio. “O dólar tem oscilado em um range estreito. Acredito que o real ainda pode se valorizar, o fluxo deve ser positivo com a safra. Fora que o ‘carrego’ ainda é bem alto e a volatilidade do real está historicamente baixa”, afirma Weigt, ressaltando que há o risco, contudo, de que ruídos políticos atrapalhem o desempenho da moeda brasileira. “Temos que ver se o atrito entre Legislativo e Executivo não vai escalar”.
Em meio ao recesso parlamentar, há uma queda de braço entre o governo Lula e o Congresso em torno da Medida Provisória (MP) proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para promover reoneração gradual da folha de pagamentos. A MP vem após parlamentares terem derrubado veto do presidente Lula à prorrogação da desoneração para 17 setores da economia.
Após encontro com lideranças partidárias hoje, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que tomará uma decisão sobre devolução ou não da MP ao Planalto após uma conversa com Haddad, com quem deve se reunir ainda hoje ou amanhã, 10. Segundo Pacheco, a ideia é buscar “solução de arrecadação sustentável” para compensação da reoneração.
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