As recentes mudanças na administração da Eletrobras (ELET6; ELET3), a atual curva de preços para a energia no mercado livre e uma premissa mais conservadora para o risco hidrológico (GSF, da sigla em inglês) levaram os analistas do Itaú BBA, Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha a revisarem para baixo o preço-alvo das ações da companhia, de R$ 61,6 por ativo para R$ 53,5 cada.
Leia também
Além desses fatores, eles enumeram questões como o cenário macroeconômico, os resultados trimestrais mais recentes, as novas Receitas Anuais Permitidas (RAPs) para o segmento de transmissão no ciclo 2023/2024 e maiores investimentos nos próximos anos, além de uma visão mais cautelosa em relação à Eletronuclear. Outro ponto mencionado foi a adoção de uma estrutura diferenciada para a utilização de créditos tributários, já pressupondo a incorporação de Furnas, além do benefício dos pagamentos de juros sobre capital próprio (JCP).
Em relação à disputa com o governo sobre os direitos de voto na empresa, os analistas esperam que as partes cheguem a um acordo mais rápido do que o esperado, uma vez que o processo de mediação já foi iniciado. O prazo dado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques para as discussões na Câmara de Arbitragem e Compensação da Administração Federal é de 90 dias. Eles destacam também que muitos investidores estrangeiros ficaram cautelosos com essa questão em 2023, e que tão logo a questão seja resolvida, podem existir fluxos estrangeiros para o ativo.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Quanto aos preços da energia, os analistas do BBA pontuam que veem uma recuperação parcial dos preços que estavam nas mínimas, mas que o valor da energia ainda está distante do custo marginal de expansão, e que eles podem à frente entrar em curva ascendente. “Esperamos volatilidade intradiária nos preços spot impulsionada pela forte procura (ondas de calor), mas pensamos que as perspectivas de médio a longo prazo permanecem muito estáveis devido ao excesso de oferta e aos elevados níveis dos reservatórios.”
O relatório assinado pelos analistas destaca, ainda, que os catalisadores de curto prazo para as ações da Eletrobras, são: potencial acordo com o governo federal da disputa pelo direito de voto no STF; vendas dos ativos térmicos em condições atrativas; novas reduções das provisões obrigatórias; assinatura de novos PPAs com condições atrativas, reduzindo a quantidade de energia não contratada; e o próximo leilão de capacidade.
Já os principais riscos seriam: desfecho desfavorável da disputa pelo direito de voto no STF; perdas por não desenvolver Angra 3 ou desenvolvê-la em condições pouco atrativas; o retorno demorar mais do que o esperado; e subsídios adicionais para o desenvolvimento de energias renováveis, aumentando a situação de excesso de oferta, pressionando os preços da energia.